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B3 monitora saída de capital estrangeiro apesar de dólar fraco

Fluxo negativo intradiário convive com real mais firme; temporada de balanços pode virar o jogo

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Movimentação de investidores estrangeiros na B3: capital externo segue em fluxo negativo apesar da desvalorização do dólar frente ao real | Crédito: Germano Lüders

A B3 registra nova saída de capital estrangeiro mesmo com câmbio mais favorável. Na quarta-feira (06), o saldo dos não residentes ficou próximo de R$ 800 milhões negativo. Esse movimento mantém o mercado em alerta para a direção dos fluxos no início do mês. Em julho, as retiradas somaram R$ 5,3 bilhões, ainda que o dólar estivesse mais fraco no período, segundo levantamento recente.

A relação entre dólar fraco e entrada de estrangeiro voltou a se dissociar nos últimos dias. Por um lado, moedas latino-americanas mantêm-se firmes e o real oscila pouco. Por outro lado, a Bolsa continua sofrendo com saídas líquidas pontuais. Sem dúvida, analistas atribuem o quadro ao ruído externo e à cautela com o cenário doméstico.

No acumulado do 1º semestre, o investidor estrangeiro manteve-se protagonista em liquidez. Foram R$ 1,4 trilhão movimentados no mercado à vista, com forte presença em VALE3, PETR4 e ITUB4. A B3, no entanto, ressalta que séries de fluxo passaram por ajustes metodológicos neste ano — fato que recomenda cuidado na leitura do dado diário.

Depois de entradas robustas no começo de 2025, o humor virou em julho. Analistas relatam o pior mês em anos para o fluxo líquido diante de incertezas externas. Ainda assim, casas veem chance de normalização à medida que ruídos tarifários diminuam e a percepção de risco melhore.

A princípio, a temporada de balanços atua como gatilho de reprecificação setorial. Em outras palavras, números sólidos de grandes blue chips podem reativar o interesse do estrangeiro. Isso acontece principalmente onde valuation e dividendos seguem atrativos. Bem como a volatilidade do Brent e os sinais da política monetária global continuam no radar.

O que acompanhar na B3

A curto prazo, o mercado mantém olhos no saldo diário D+2 da B3 e na dinâmica do câmbio. Um real estável, a princípio, favorece o case de emergentes, mas não garante entradas consistentes.

Além disso, resultados de commodities, bancos e utilities podem destravar rotação para papéis com fluxo de caixa previsível e yields competitivos. Em contrapartida, essa movimentação depende da leitura de risco fiscal e do noticiário externo.

Por fim, vale lembrar que as séries de fluxo estrangeiro estão sujeitas a revisões. A B3 já promoveu correções neste ano. Desse modo, leituras semanais e mensais oferecem sinal mais confiável do que um único pregão.