Mundo

Bancos Centrais impulsionam demanda por ouro e consolidam tendência como hedge seguro

Ouro
Proteção contra volatilidade global impulsiona bancos centrais a adotarem ouro como reserva, consolidando-o como hedge eficaz contra incertezas econômicas | Crédito: SpaceMoney

Bancos centrais ao redor do mundo têm respondido ativamente à crescente volatilidade global. Em 2024, essas instituições adquiriram mais de 1.000 toneladas de ouro, totalizando precisamente 1.045 toneladas no acumulado anual. Isto marca, sem dúvida, o terceiro ano consecutivo de aquisições acima desse patamar. Além disso, no primeiro semestre de 2025, já foram adicionadas 166 toneladas – cifra ainda 41% superior à média registrada entre 2010 e 2021.

A princípio, a motivação central desse movimento está na busca por ativos antifrágeis. O ouro, por sua vez, é visto como proteção contra risco de sanções, perda de controle sobre reservas em moeda estrangeira e desvalorização do dólar. Em países emergentes, essa estratégia tem sido intensificada como forma de desdolarização e diversificação monetária.

De acordo com o World Gold Council, organização que representa a indústria global do metal precioso, os bancos centrais já respondem por mais de 20% da demanda global por ouro. Este percentual é, em outras palavras, praticamente o dobro da participação média observada na década de 2010. Além disso, pesquisa recente junto a 73 bancos centrais revelou que 29% planejam aumentar ainda mais suas reservas nos próximos 12 meses, reforçando, assim, perspectivas de continuidade dessa tendência.

Ao mesmo tempo, a demanda por ouro de investimento (ETFs, barras e moedas) cresceu expressivamente, registrando aumento de 78% no 2º trimestre de 2025. Como resultado, atingiu 1.249 toneladas no trimestre, com ETFs físicos marcando fluxo recorde desde 2020. Por outro lado, a retração no consumo de joias, especialmente na China e Índia, confirma o caráter predominantemente institucional desse movimento.

Apesar do menor ritmo de compras oficiais no 2º trimestre, o preço do ouro avançou 26% no ano. Dessa forma, ultrapassou US$ 3.500 por onça e consolidou-se como segunda maior reserva global, superando o euro, representando cerca de 20% dos ativos monetários oficiais mundiais.

E o que isso significa para investidores e portfólios?

Em primeiro lugar, a retomada maciça de compras por bancos centrais transforma o ouro em ativo de porto seguro institucional. Por isso, torna-se menos sujeito a ruídos especulativos. Esse comportamento, portanto, reforça sua valorização estrutural e antecede movimentos de preservação de valor durante crises.

Para investidores privados, a confirmação de que gold ETFs e fundos indexados fazem parte da cartilha institucional de gestão de riscos funciona como sinal verde. Em virtude de suas características, esses produtos oferecem equilíbrio entre liquidez, proteção cambial e diversificação frente ao ciclo de cortes de juros ou turbulência global.

Por fim, torna-se essencial monitorar os dados de fluxo e propriedades desses ETFs. Isto porque o montante institucional reduz volatilidade e cria suporte estrutural para os preços. Além disso, o risco de políticas protecionistas ou tensões comerciais pode, sem dúvida, desencadear maior demanda por ouro e seus derivativos.