O índice de prévia oficial da inflação (IPCA‑15) registrou alta de 0,33% entre 14 de junho e 15 de julho. A princípio, esse resultado supera os 0,30% esperados pelo mercado. Sem dúvida, essa é a terceira aceleração consecutiva após uma série de desaceleração no começo do ano.
O grupo Habitação trouxe o principal impacto, com alta de 0,98%, representando 0,15 ponto percentual no índice. Além disso, os grupos de Transportes (com reajuste em passagens aéreas) e Energia elétrica também pressionaram os preços. Em contrapartida, os preços de alimentos começaram a desacelerar.
Considerando os últimos 12 meses, o IPCA‑15 acumula 5,30%, acima dos 5,27% registrados entre julho/24 e junho/25. Por outro lado, o mês de junho fechou com inflação de 0,26%, desacelerando levemente ante maio, mas ainda assim mantendo o desempenho perto do teto da meta de 5,5% a.a.
O IBGE divulgará o índice oficial do IPCA referente a julho de 2025 em 12 de agosto, às 9h. Em geral, o IPCA‑15 costuma antecipar cerca de 80% do resultado final. No entanto, variações em alimentos e serviços podem elevar ou reduzir o valor do índice oficial.
A leitura atual reforça a visão do Banco Central, que manteve a Selic em 15% ao ano. Isso sinaliza que o ciclo de aperto monetário foi concluído. Apesar disso, os juros permanecerão elevados até que a inflação nos próximos 12 meses retorne próximo da meta de 3%.
Como isso impacta seus investimentos?
A persistência da inflação entre 5,3% e 5,5% no horizonte de 12 meses sustenta o ambiente de juros reais elevados. Como resultado, ativos de renda fixa indexada ao IPCA ou títulos atrelados ao CDI com vencimentos curtos ganham vantagem.
Apesar da desaceleração pontual em julho, o risco de desâncora das expectativas continua. Dessa forma, reforça-se a preferência por composição defensiva em portfólios. Acima de tudo, títulos públicos ou CRIs indexados ao IPCA ainda oferecem prêmio real atrativo.
A janela para ETFs de inflação global ou títulos sul-americanos com hedge cambial também se amplia. Isso ocorre à medida que o real tem se sustentado frente ao dólar e as taxas gradualmente convergem para uma aterrissagem suave.
Por fim, caso o IPCA oficial fique significativamente acima de 0,33%, o Copom poderá adiar cortes de juros previstos para o final de 2026. Em outras palavras, isso implica em prêmios elevados para crédito privado e menor atratividade de ações cíclicas sensíveis a custos financeiros.