O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (04), revelou uma tendência de queda nas projeções para a inflação deste ano. Em primeiro lugar, a estimativa para o IPCA de 2025 recuou de 5,09% para 5,07%. Isso marca a 10ª revisão consecutiva para baixo. No entanto, o índice ainda permanece acima do teto da meta de 4,5%.
Para 2026, analistas ajustaram a projeção de 4,45% para 4,43%. Mesmo assim, o valor mantém-se consistentemente acima da zona de convergência para a meta inflacionária. Além disso, as expectativas para 2027 e 2028 também sofreram ajustes moderados. O mercado projeta o IPCA em torno de 4,00% e 3,80%, respectivamente.
Apesar da trajetória suavizada da inflação, o Focus mantém a projeção da Selic em 15,0% ao ano até o fim de 2025**. A decisão reflete a visão de que o Banco Central deverá manter as taxas atuais por um período “bastante prolongado”. Assim sendo, os cortes serão adiados devido às incertezas fiscais e à cautela monetária. Economistas esperam o primeiro corte somente em janeiro de 2026.
A cotação estimada do dólar comercial para o final deste ano permanece estável em R$ 6,00. Da mesma forma, há pouca variação esperada para os anos seguintes: R$ 6,00 em 2026 e R$ 5,90/5,80 em 2027/2028, conforme o Boletim Focus e outros levantamentos.
A projeção para o crescimento do PIB em 2025 mantém-se em 2,02%. Por outro lado, as estimativas para 2026 (1,88%) e 2027 (1,00%‑2,00%) apresentaram ajustes mínimos. Este padrão indica que a expectativa de uma retomada econômica em ritmo moderado ainda predomina entre os agentes de mercado.
Como isso afeta seus investimentos
A manutenção da Selic em 15% ao ano até o fim de 2025 sugere que investidores devem priorizar renda fixa indexada. Nesse caso, Tesouro IPCA+ e títulos prefixados acima de 15% tornam-se atraentes, uma vez que as taxas reais já se aproximam ou superam 6% ao ano.
Mesmo com a inflação de 2025 caindo para 5,07%, ela continua acima do teto da meta. Em virtude disso, o espaço para cortes agressivos na taxa básica fica restrito. Nesse sentido, ETFs de renda fixa ou CRIs indexados ao IPCA ganham mais apelo no curto prazo.
A estabilidade da projeção do dólar (R$ 6,00) combinada com a Selic elevada favorece títulos soberanos com rendimento real. Estes funcionam como hedge cambial indireto, especialmente para quem busca diversificação em renda fixa global ou títulos com cobertura.
Em um cenário de redução gradual da inflação ao longo de 2026, antecipar posições em prefixados mais atraentes pode ser vantajoso. Além disso, reforçar vetores de crédito privado posiciona-se como estratégia de proteção e performance, a depender da visão de prazo.
Finalmente, mesmo com o crescimento do PIB restrito (~2%), empresas exportadoras ou com receita dolarizada podem se beneficiar do câmbio em níveis elevados. Juntamente com a contenção inflacionária, isso fortalece a tese de alocação tática em ações com exposição externa.