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Bolsas sobem com avanço das apostas em cortes de juros

Mercados avaliam dados fracos nos EUA e início das tarifas de Trump, enquanto precificam próximo movimento do Fed

Bolsas de Valores / Bolsa de valores
Mercados financeiros reagem a dados de emprego fracos nos EUA com alta nas bolsas globais enquanto investidores aguardam cortes nas taxas de juros | Crédito: Reprodução

Os mercados globais apresentam recuperação nesta segunda-feira (4). Sem dúvida, futuros dos índices de ações nos Estados Unidos operam em território positivo após a forte queda de sexta-feira. Na Ásia, o MSCI Asia-Pacific valoriza-se, refletindo o otimismo renovado com a possibilidade de afrouxamento monetário em breve.

A principal motivação do movimento vem do resultado decepcionante do payroll de julho nos EUA. O relatório gerou apenas 73 mil empregos, com revisões negativas nos meses anteriores. Como resultado, os mercados apostam com quase 90% de probabilidade em um corte na taxa básica em setembro. Além disso, cerca de 60 pontos-base de redução já estão precificados para o ano. Esse cenário provocou queda de 25 pontos-base no yield do título de 2 anos e desvalorização do dólar frente a moedas emergentes.

Ao mesmo tempo, a nova rodada de tarifas do governo Trump entrou em vigor desde 1º de agosto. Ela impõe alíquotas entre 10% e 41% sobre importações de países como Índia, Brasil, Canadá e membros da União Europeia. Apesar disso, esse movimento, embora represente risco à cadeia de suprimentos, não impediu o avanço do sentimento de que os juros serão cortados em breve como resposta aos ventos de consumo e exportação globais.

No plano político e institucional, a demissão da chefia do Bureau of Labor Statistics por Trump e a renúncia de uma governadora do Fed intensificaram temores sobre independência da política monetária. Durante a mais recente reunião, duas vozes dentro do Fed (Bowman e Waller) opuseram-se à manutenção dos juros altos, argumentando que o mercado de trabalho já mostra esgotamento.

Apesar da volatilidade e dos riscos externos, os investidores agora concentram atenções nos próximos indicadores econômicos dos EUA. Em primeiro lugar, acompanham pedidos de bens duráveis e ISM serviços. Em segundo lugar, observam resultados corporativos de peso (Palantir, Disney, Eli Lilly), que devem influenciar o humor de Wall Street nesta semana.

Impacto no seu bolso

A rotação vigente do apetite ao risco global realimenta interesse por ações de mercados emergentes. Por outro lado, mantém sensibilidades ao câmbio e volatilidade de commodities — especialmente em países exportadores como o Brasil. Não apenas flutuações cambiais, mas também novos choques comerciais exigem estratégias defensivas dentro da classe de renda variável.

Investidores podem considerar alocação em ETFs de títulos soberanos dos EUA (Treasuries) ou da Zona do Euro (Bunds), já que se valorizam em cenários de juros em queda. Esses papéis também servem como proteção em carteiras mais expostas às oscilações dos mercados de renda fixa emergente.

No segmento de ações globais, a liderança por ações de alta tecnologia e AI continua. Porém, a possível reversão dos cortes pelo Fed ou escalada tarifária exigirá atenção tática. Com toda a certeza, fundos com cobertura cambial (hedged) oferecem maior previsibilidade de retorno sem exposição à volatilidade da moeda no curto prazo, especialmente em ambiente de incertezas dos EUA.