
O mercado financeiro brasileiro está em alerta. O déficit em transações correntes atingiu US$ 2,9 bilhões em maio de 2025. Por causa disso, o saldo negativo acumulado em 12 meses chegou a US$ 69,4 bilhões, equivalente a 3,26% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse cenário pressiona o câmbio e, sem dúvida, levanta preocupações sobre a sustentabilidade das contas externas do país.
A deterioração das contas externas tem uma explicação clara. Em primeiro lugar, as importações cresceram 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionadas por uma economia doméstica aquecida. Ao mesmo tempo, as exportações recuaram 0,3%, refletindo a queda nos preços internacionais de commodities, como minério de ferro e soja.
Além disso, a conta de serviços também contribuiu para o déficit. Ela registrou um saldo negativo de US$ 4,7 bilhões em maio. As despesas líquidas com viagens internacionais aumentaram 7,9%, totalizando US$ 1,2 bilhão. Não apenas isso, mas também os gastos com propriedade intelectual e aluguel de equipamentos cresceram significativamente.
Na conta de renda primária, o déficit somou US$ 5,2 bilhões, uma redução de 2,6% em relação a maio de 2024. Apesar disso, as despesas com juros aumentaram 23,1%, alcançando US$ 1,7 bilhão, devido principalmente a operações intercompanhia, mesmo que as remessas de lucros e dividendos tenham caído.
Por outro lado, o Investimento Direto no País (IDP) registrou ingressos líquidos de US$ 3,7 bilhões em maio, acima dos US$ 3 bilhões do mesmo mês em 2024. No entanto, o IDP acumulado em 12 meses atingiu US$ 70,5 bilhões (3,31% do PIB), apenas ligeiramente acima do déficit em transações correntes. Isso indica uma margem de segurança reduzida para o financiamento das contas externas.
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Perspectivas e desafios para as contas externas
O cenário atual exige atenção das autoridades econômicas. A princípio, a persistência de déficits elevados em transações correntes pode aumentar a vulnerabilidade externa do país. Em virtude de a dependência de fluxos de capitais para financiar o saldo negativo, o Brasil torna-se mais suscetível a choques externos e mudanças no apetite dos investidores internacionais.
A fim de mitigar os riscos, é fundamental adotar políticas que promovam a competitividade das exportações. Além disso, o país precisa atrair investimentos produtivos de longo prazo. A estabilidade macroeconômica, juntamente com reformas estruturais, pode fortalecer a confiança dos investidores e contribuir para o equilíbrio das contas externas no médio e longo prazo.
Déficit em transações: que isso significa?
O déficit em transações correntes ocorre quando um país gasta mais do que arrecada em suas transações com o exterior. Isso inclui a balança comercial (exportações menos importações), a balança de serviços (como turismo e fretes) e a balança de rendas (remessas de lucros e juros). Quando essas contas somadas resultam em um saldo negativo, significa que o país está enviando mais dinheiro para fora do que recebendo. Em outras palavras, esse desequilíbrio precisa ser financiado por meio de entradas de capital, como investimentos estrangeiros diretos ou empréstimos internacionais.
Um déficit elevado pode indicar que o país está mais dependente de recursos externos para financiar seu crescimento. Por causa disso, a vulnerabilidade da economia a choques externos aumenta, como mudanças nas taxas de juros globais ou crises financeiras internacionais. Além disso, um déficit persistente pode pressionar a moeda local, levando à desvalorização do real, o que, por sua vez, pode impactar o poder de compra e a inflação.
No entanto, nem todo déficit é necessariamente ruim. Se bem que o país esteja utilizando os recursos externos para investimentos produtivos, como infraestrutura e tecnologia, isso pode gerar crescimento econômico no longo prazo. Acima de tudo, o importante é que o déficit seja sustentável e financiado por fontes confiáveis, como o Investimento Direto no País (IDP), que representa capital estrangeiro investido em empresas e projetos no Brasil.