Inflação

IPCA-15 de junho desacelera para 0,26% e sinaliza alívio nos preços

Queda na energia residencial e alimentos reduz pressão inflacionária, mas transporte e saúde seguem elevando o custo de vida

IPCA-15
IPCA-15 de junho mostra queda em energia e alimentos, mas transportes e saúde seguem em alta, sinalizando arrefecimento da inflação no Brasil | Crédito: Unsplash

Nesta quinta-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15 subiu 0,26% em junho, abaixo dos 0,36% observados no mês anterior. O resultado também ficou abaixo da mediana de 0,30% projetada por 25 instituições financeiras consultadas. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta desacelerou para 5,27%, frente aos 5,40% apurados em maio. Mesmo assim ela ainda segue acima da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional.

Os grupos de Habitação e Alimentos e bebidas foram os principais responsáveis pela desaceleração do IPCA-15. O primeiro registrou alta de apenas 0,12%, influenciado pela queda de 1,08% na eletricidade residencial após reajustes mais moderados. Já o segundo, que tem o maior peso no índice, avançou 0,19%. Isso marca o primeiro recuo nos alimentos em dez meses devido aos preços menores de hortaliças e frutas.

Contudo, alguns setores seguem pressionando o índice. Transportes subiu 0,45%, impactado pelo reajuste médio de 3,2% nas tarifas de ônibus intermunicipais. Vestuário e Saúde e cuidados pessoais também contribuíram para a alta, com variações de 0,68% e 0,51%, respectivamente.

O mercado financeiro reagiu com leve alta nos rendimentos dos títulos públicos atrelados à inflação, enquanto o dólar oscilou próximo de R$ 4,95. Essa reação reflete a expectativa de que a desaceleração inflacionária possa reduzir o ritmo de alta da Selic. A expectativa é de uma aproximação gradual da inflação à meta até o final do ano. Entretanto, possíveis choques em preços administrados e alimentos podem retardar a convergência.

Como os dados do IPCA hoje afetam o seu dia a dia?

A desaceleração sinaliza que as pressões de alta nos preços vêm perdendo força em itens essenciais, especialmente habitação e alimentos, aliviando o choque inflacionário sentido pelas famílias. Para o Comitê de Política Monetária (Copom), esse arrefecimento reforça a possibilidade de interromper ou mesmo encerrar o ciclo de aperto da Selic. Em contrapartida, a persistência de aumentos em transportes e serviços de cuidados pessoais lembra que choques pontuais ainda podem atrasar uma redução mais decisiva dos juros, exigindo vigilância contínua sobre a evolução dos preços.

Na prática, a alta de 0,26% no IPCA-15 de junho indica que o custo de vida subiu menos do que em meses anteriores, aliviando a pressão sobre o orçamento das famílias. Com alimentos e habitação desacelerando, sobra mais fôlego para gastos discricionários, como lazer e serviços.Por outro lado, setores como transportes e saúde seguem firmes, o que significa que quem depende de ônibus intermunicipais ou planos de saúde ainda sente o peso das tarifas reajustadas.

No entanto, a expectativa de um possível arrefecimento da Selic, caso a inflação continue recuando, pode reduzir o custo de empréstimos e financiamentos, beneficiando quem planeja compras a prazo ou renegocia dívidas.