Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Tânia Rego, da Agência Brasil
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Tânia Rego, da Agência Brasil

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT-RJ), criticou o ex-ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, por minimizar as denúncias de assédio sexual feitas contra ele.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (24), Anielle classificou as declarações de Almeida como “inaceitáveis” e afirmou que ele tenta descredibilizar as vítimas.

A reação da ministra veio após o ex-ministro, que havia mantido silêncio sobre o caso por cinco meses, conceder entrevista ao UOL negando as acusações e acusando Anielle de espalhar “fofocas e intrigas” para prejudicá-lo.

Durante a entrevista, Almeida também afirmou que Anielle teria se “perdido num personagem”, sugerindo que as denúncias não passariam de uma manobra política.

Minimização das denúncias

Anielle Franco repudiou a fala de Almeida e afirmou que seu posicionamento reforça o silenciamento das vítimas.

“Minimizar suas dores e transformar relatos graves em ‘fofocas’ e ‘brigas políticas’ é inaceitável”, declarou a ministra.

Ela também destacou que o direito à defesa não pode ser usado como ferramenta de desinformação e revitimização. Segundo a ministra, o ex-ministro adotou uma postura que perpetua ciclos de violência e intimida outras possíveis vítimas.

“Importunação sexual não é questão política, é crime”, reforçou Anielle, reafirmando sua confiança na investigação conduzida pela Polícia Federal.

Sílvio Almeida será ouvido pela PF

A Polícia Federal ouvirá Sílvio Almeida nesta terça-feira (25) no inquérito que apura as acusações feitas por Anielle Franco.

O caso está sob segredo de Justiça. Além da denúncia feita pela ministra, a ONG Me Too Brasil informou que recebeu outras acusações de assédio sexual contra o ex-ministro.

Almeida foi exonerado do cargo em setembro de 2023, após Anielle relatar episódios de assédio a outros ministros e à primeira-dama, Janja da Silva. Ele nega as acusações e afirma que sua saída foi motivada por questões políticas.

“Ou ela dizia que não aconteceu ou dobrava a aposta na história inverídica, destruindo políticas importantes, a minha vida pessoal e a da minha família. Ela escolheu o caminho da destruição”, declarou o ex-ministro.