Escassez do diesel pode impactar margens de operadoras logísticas, diz BTG
Os analistas do banco destacam que entre 30% e 40% do preço do frete é historicamente composto pelo preço do diesel. A importância desse fator no frete deve se tornar cada vez maior com a alta de preço
8 JUN 2022 • POR Investing.com • 13h18Por Leandro Manzoni, da Investing.com - A escassez do diesel se tornou o assunto do momento na indústria logística, segundo BTG Pactual (SA:BPAC11) em relatório distribuído nesta quarta-feira (8). Os impactos, inicialmente sentidos pelo aumento de preços, podem afetar no curto prazo as margens de operadores logísticos no Brasil, sétimo maior consumidor mundial e altamente exposto ao risco de desabastecimento devido à logística dependente do diesel.
Os analistas do banco destacam que entre 30% e 40% do preço do frete é historicamente composto pelo preço do diesel. A importância desse fator no frete deve se tornar cada vez maior com a alta de preço.
Embora a alta do custo do frete deva ser repassada a clientes dos operadores, segundo o BTG, o repasse deve ser concluído após negociações. Até essa conclusão, as operadoras, como a JSL (SA:JSLG3), sofrerão com a pressão nas margens.
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Às 12h48, as ações da JSL avançam 0,5% a R$ 6,07.
Redução ICMS pode trazer alívioPor outro lado, a redução do ICMS sobre os combustíveis pode ajudar as empresas de logística rodoviária, apontou a Eleven Investimentos em relatório ontem. Isso deve ser benéfico especialmente para a Sequoia (SA:SEQL3) e a JSL, segundo a casa de análise, diminuindo a pressão para repassar o aumento dos custos dos combustíveis a seus clientes.
Causas da escassez do dieselA invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro elevou os temores de corte imediato de gás natural russo na Europa, além da dificuldade de aquisição da commodity com os embargos contra o setor da Rússia. Com isso, aumentou a demanda e a estocagem de diesel na Europa para substituir o gás, segundo diretores do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) em artigo no Brazil Journal.
O aumento da demanda pelo diesel descolou, pela primeira vez na história, seu preço da variação do petróleo e da gasolina, que também sofreram fortes reajustes no ano. Somente o petróleo Brent, referência mundial de preço, subiu mais de 57% em 2022, chegando a quase US$ 140 no pico do ano (é negociado hoje a US$ 122,69).
O CBIE ressalta que o cenário pode piorar no 2º semestre, com a temporada de furacões nos EUA fechando refinarias na região do Golfo do México.
Pode faltar diesel no Brasil?Como o Brasil importa 25% do diesel consumido, os diretores do CBIE veem como baixa a falta do combustível no país. Porém, fazem a ressalva para que a política de Paridade de Preço Internacional (PPI) seja mantida.
A adoção de medidas que abaixe artificialmente o preço do diesel pode elevar esse risco, pois desestimularia empresas importadoras a comprar diesel do exterior e revende-los no mercado interno.