ESG

Mudanças climáticas estão entre as principais preocupações dos bancos, diz pesquisa

Esta foi a primeira vez que o tema apareceu no topo da lista de longo prazo como riscos para os bancos, segundo levantamento da EY

9 NOV 2021 • POR Agência EY • 10h36
REUTERS/Peter Andrews/File Photo

Por Agência EY - As mudanças climáticas são uma das principais preocupações para os bancos, de acordo com a 11ª edição da pesquisa “Bank Risk Management”, da consultoria EY em parceria com o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

Esta foi a primeira vez, desde o início da pesquisa realizada há mais de uma década, que o tema apareceu no topo da lista de longo prazo como riscos para os bancos. 

O estudo foi realizado com 88 instituições financeiras em trinta e três países, entre novembro de 2020 e janeiro deste ano.

Os bancos acreditam que o risco de crédito será a preocupação número um nos próximos doze meses - de acordo com 98% dos CROs (diretores de risco) ouvidos - em meio à recuperação econômica global da pandemia.

A segurança cibernética é considerada o segundo risco mais urgente (80%).  

Já nos próximos cinco anos, mais de 90% dos CROs veem as mudanças climáticas como o principal risco emergente.

“No ano passado, vimos as mudanças climáticas rapidamente ascenderem ao topo das agendas de risco de longo prazo dos bancos pela primeira vez.Os conselhos do banco e a alta administração devem permanecer resilientes em um conjunto mais amplo de dimensões conforme o mundo se adapta após a Covid-19. Está claro que agora inclui riscos relacionados ao clima, bem como outras questões ambientais, sociais e de governança”, afirma Mark Watson, vice-líder do Conselho de Organização de Serviços Financeiros da EY Americas. 

Mais de nove em cada dez (91%) dos diretores de risco de bancos pesquisados veem as mudanças climáticas como o principal risco emergente nos próximos cinco anos.Apenas cerca de metade (52%) disse o mesmo em 2019.

No curto prazo, quase a metade (49%) das pessoas ouvidas interpreta as mudanças climáticas como um risco principal que requer atenção urgente nos próximos 12 meses.Em 2019, apenas 17% tinham essa opinião. 

“O mercado está observando o risco climático como uma preocupação que veio para ficar. O próprio Banco Central (BC) divulgou recentemente um edital sobre o tema em que os bancos começam a avaliar sua posição e de seus negócios tanto nas questões social e ambiental como, agora, de riscos climáticos. Os bancos têm um papel central na transição das empresas para uma economia de baixo carbono. Muitas vão ter de mudar a forma como produzem seus produtos e serviços e o papel do setor financeiro é visto como essencial nessa transição. As empresas terão de ter crédito para conseguir fazer essa transição para uma economia de baixo carbono", explica o sócio-líder de Risco e Finanças para o setor financeiro da EY Brasil, Rui Cabral. 

Segundo ele, é um papel importantíssimo deste setor no financiamento desses créditos na transformação da economia.

“O risco tem de estar no balanço financeiro dos bancos. No Brasil, uma das propostas do edital é realizar um mapeamento e entender que tipo de riscos climáticos - tanto de transição como físicos - estão no balanço dos bancos. O risco climático não é um risco em si aos bancos, mas vai impactar o risco de crédito e o de mercado”, completa. 

Além das mudanças climáticas, o risco emergente mais importante de acordo com os entrevistados do CRO é a duração e a profundidade da recuperação econômica global (83%). 

“Embora a segurança cibernética seja há muito tempo a principal preocupação imediata dos CROs, a pandemia mudou o jogo. A amplitude e a profundidade do choque da pandemia na economia global colocaram as preocupações com o crédito em primeiro plano para os bancos nos próximos 12 meses”, explica Andrés Portilla, diretor administrativo de Assuntos Regulatórios do IIF.  

Resiliência 

A pandemia de Covid-19 expôs como a resiliência na gestão de risco é a nova prioridade para os bancos.

O estudo mostra também que as instituições precisarão continuar a manter um alto nível de resiliência para resistir às mudanças e interrupções contínuas.

Reforça também que atrair os melhores talentos e prover as equipes de risco com a tecnologia necessária para obter insights de dados relevantes é a chave para o sucesso futuro. 

A resiliência financeira e operacional está sendo testada ao logo dos últimos 18 meses, mas, de acordo com a pesquisa da EY, o esforço de uma década dos bancos para construir capital e liquidez de maior qualidade os colocou em uma posição forte para entrar na pandemia.  

A necessidade de maior resiliência tecnológica surgiu como resultado de movimentos muito acelerados para transformar digitalmente, assim como a resiliência da força de trabalho, à medida que os bancos focam mais atenção no bem-estar dos funcionários.

Ao mesmo tempo, a perseverança social e ambiental aumentou o foco dos bancos na necessidade de prestar mais atenção à diversidade e equidade na sociedade, bem como ao impacto das mudanças climáticas. 

O estudo aponta que é vital que os bancos permaneçam resilientes.

“O tema mais crítico este ano foi o de resiliência de crédito e fomos bem-sucedidos. O tema de resiliência operacional teve muito desafio e, em alguma medida, também fomos bem-sucedidos. Temos trabalho pela frente ainda. Tem muita transformação por vir e isso vai demandar resiliência operacional por muito tempo ainda. E neste sentido o Brasil está muito alinhado com o restante do mundo”, conclui Alex Cardoso, gerente sênior de Consultoria em Serviços Financeiros da EY.  

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