Dólar sobe com exterior e persistentes ruídos locais
Noticiário do mercado doméstico também colabora para manter um clima de conservadorismo
16 SET 2021 • POR Reuters • 18h30Por José de Castro, da Reuters - O dólar devolveu a queda da véspera e fechou em alta contra o real nesta quinta-feira (16), impulsionado sobretudo pelo rali global da moeda norte-americana, após dados melhores nos EUA aumentarem dúvidas sobre o momento de redução de estímulos pelo banco central norte-americano.
O noticiário do mercado doméstico também colaborou para manter um clima de conservadorismo, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), voltando a falar sobre a política de preços da Petrobras (SA:PETR4) e o nó em torno dos precatórios parecendo mais difícil de ser desatado.
Mas a curva da taxa de câmbio aqui acompanhou de forma quase colada a do dólar no exterior. A moeda norte-americana subia ante 31 de 33 pares de uma lista, reflexo da percepção de investidores de que a possibilidade de anúncio de corte de estímulos pelos EUA não parece esvaziada.
Isso porque dados de varejo norte-americano divulgados mais cedo deixaram para trás estimativas de queda ao mostrarem alta em agosto. Números mais fortes podem servir de base para o Fed avaliar que o apoio monetário não é mais necessário --o que, na prática, se traduziria em menor oferta de dólar, movimento que tende a exercer pressão de alta na moeda.
Analistas do banco norte-americano Wells Fargo, porém, ainda se mostram cautelosos sobre interpretar o relatório como evidência de nova alta duradoura nos gastos dos consumidores - que poderia reforçar tendências ascendentes para a inflação, fator que poderia levar o Fed a antecipar o corte de estímulo.
O BC dos EUA se reúne na semana que vem nos mesmos dias em que aqui o Copom também se encontra para decidir os rumos da taxa Selic. Fala recente do presidente do BC, Roberto Campos Neto --interpretada pelo mercado como indicação de alta menor dos juros--, fez preço no câmbio e puxou o dólar para cima.
No fechamento, o dólar à vista subiu 0,54%, a 5,2654 reais.
Na máxima, alcançada à tarde, a cotação bateu 5,2806 reais (+0,83%), mas ainda pela manhã a moeda havia alcançado um patamar próximo, de 5,2800 reais.
Na mínima, atingida ainda no começo dos negócios, a divisa recuou 0,10%, a 5,232 reais.
Lá fora, o índice do dólar saltava 0,4%, maior alta em quase um mês, que o levava ao maior patamar em quase três semanas.
Na quarta, o dólar no Brasil havia cedido 0,42%, a 5,237 reais.