MPF discute ações contra intolerância religiosa na Baixada Fluminense

18 MAI 2019 • POR Agência Brasil • 17h07

O Ministério Público Federal (MPF) organiza uma reunião aberta, em 30 de maio, para discutir com o governo do estado do Rio de Janeiro e o município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, medidas de combate à intolerância religiosa. Entre elas, estão ações de valorização da cultura africana e afro-brasileira nas escolas, a imunidade tributária a terreiros, acolhimento das vítimas e a repressão a grupos criminosos que atacam sacerdotes, terreiros e adeptos de religiões afro.

O evento é um desdobramento da audiência pública realizada em 6 de maio. Na ocasião, o governo do estado já se comprometeu com o MPF a financiar um serviço de atendimento de orientação jurídica e psicossocial, em parceria com a prefeitura, por meio da Secretaria de estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

O MPF tem inquérito civil público aberto para investigar a intolerância religiosa em Nova Iguaçu, um dos municípios que mais registraram episódios de violência no estado nos últimos anos, segundo dados da própria Secretaria de Direitos Humanos. No último domingo (12), Dia das Mães, um terreiro de candomblé, aberto há 15 anos no bairro Parque Flora, pela terceira vez foi invadido. Traficantes, apontados por frequentadores como os invasores, fizeram um churrasco no local. Antes, em março, eles já tinham pichado a frase “Jesus é dono do lugar” e destruídos objetos.

O episódio não é um caso isolado. O crime organizado nos bairros mais pobres de municípios da Baixada, somado à intolerância, tem se tornado uma ameaça à liberdade religiosa, afirmam lideranças ouvidas pela Agência Brasil. Por causa desses ataques, no fim de 2018, o então Ministério de Direitos Humanos chegou a divulgar Nota Pública de Repúdio, denunciando agressões feitas pelos “traficantes jesus”, identificados como neopentecostais.

Ações coordenadas
Ao centro, o babalaô Ivanir dos Santos - Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil