Um ano após desabamento, déficit habitacional ainda é realidade em SP
1 MAI 2019 • POR Agência Brasil • 20h08Há um ano, o Dia do Trabalhador começava marcado por uma tragédia: o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, após um incêndio. O desastre deixou vítimas e revelou uma das maiores feridas da capital paulista: o déficit de moradia.
O prédio de 24 andares, no Largo do Paissandu, foi inaugurado em 1968, chegou a ser sede da Polícia Federal mas estava abandonado há 15 anos. Virou moradia de 171 famílias. No prédio comercial, paredes de madeirite delimitavam o lugar de cada família. A ocupação era controversa: os coordenadores cobravam uma taxa para fornecer água e energia elétrica que chegavam ao prédio por gambiarras.
De acordo com inquérito policial, um curto-circuito pode ter provocado o incêndio que se alastrou pelo prédio. Os bombeiros encerraram as buscas nos destroços no dia 13 de maio, com o número oficial de sete vítimas encontradas e identificadas. Duas pessoas que também moravam no prédio continuam desaparecidas.
Neide das Dores trabalha em um salão de beleza que ficava próximo ao edifício e não consegue esquecer da cena: "[Era] 3h da manhã, né? Pensei que fosse o prédio do fundo. Quando eu tava chegando aqui, o prédio tava acabando de descer, inclusive aquele rapaz que morreu ali do lado, né?". O rapaz era Ricardo Galvão, uma das sete pessoas que morreram sob os escombros. Imagens registradas por celulares, mostram que ele despencou da cadeirinha dos bombeiros no momento do resgatado.