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Cogna: reestruturação da Kroton aposta em EAD e portfólio presencial premium

21 AGO 2020 • POR Investing.com • 13h51

Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com - Com a pandemia de Covid-19, um projeto que a Cogna (COGN3) já vinha traçando precisou ser acelerado: a reestruturação da Kroton, braço de ensino superior da companhia, para diminuir a oferta de cursos presenciais, que seriam focados nos considerados premium, e aumentar a participação de EAD. Esse foi o principal tema abordado pela empresa na teleconferência com analistas e imprensa nesta sexta-feira (21).

A atuação da Kroton passou a ser segmentada em duas grandes áreas: presencial e digital. A plataforma digital do ensino superior, segundo a companhia, já apresenta altas margens operacionais, alta geração de caixa e boa perspectiva de crescimento. Em relação ao presencial, os números de alunos já mostram a migração para o digital, tendência que, segundo a Cogna, deve ser acelerada pela pandemia.

Assim, a empresa pretende reestruturar o presencial, reduzindo o tamanho da operação, renegociando contratos e fazendo mudanças no portfólio para dar destaque a produtos mais premium. Alguns cursos deixarão de ser ofertados, o que, segundo Roberto Galindo, CEO da Cogna, deverá causar uma pequena queda de demanda de alunos que recusam o EAD, mas que deverá ser compensada pelas margens mais altas dessa modalidade de ensino. 

Além do crescimento da digitalização no B2C, haverá também um foco em aumentar a oferta de conteúdo e serviços digitais para instituições de ensino parceiras, na modalidade B2B.

No segundo trimestre, a Kroton enfrentou um problema de performance, com queda do Ebitda, resultado da redução do Fies e dos impactos da pandemia de Covid-19. A expectativa é que a reestruturação leve a companhia para um novo momento, de crescimento do setor de ensino superior. “Esse vai ser o movimento de reestruturação mais relevante que a gente á realizou pela companhia”, afirmou Galindo. A expectativa é que boa parte desse processo já esteja implementado no primeiro semestre de 2021.

A Platos, por sua vez, braço de B2B de ensino superior da empresa, apresentou receita positiva, com aumento no ticket médio e na captação de alunos. O Ebitda caiu por causa da sazonalidade de despesas. Para o próximo semestre, são esperados aumentos no Ebitda recorrente e nas margens. A Saber, por sua vez, que atua no segmento de ensino básico, teve queda na receita líquida causada pelos impactos da pandemia, mas viu seu Ebitda recorrente crescer como resultado da redução de custos e despesas.

Ainda em relação aos resultados financeiros, a companhia, apesar de não dar um guidance, acredita que no segundo semestre as margens ainda estarão pressionadas, sobretudo pela deterioração da carteira de alunos inadimplentes e pelo menor nível de captação de alunos presenciais no período. Além disso, todo o processo de reestruturação da Kroton pode trazer impactos no curto prazo. 

Em termos de alavancagem, a Cogna encerrou o trimestre com endividamento líquido de 2,96x. Segundo Jamil Marques, CFO da empresa, a posição de caixa é bastante sólida e e a operação, saudável, tem gerado caixa. Apesar de não dar um guidance, a companhia alerta que, por causa da queda do Ebitda, é possível que haja um desafio de endividamento. No entanto, Marques acredita que não há previsão de ultrapassar o limite de 3x nos próximos trimestres.

Por volta das 13h46, as ações da Cogna continuavam liderando as perdas do Ibovespa, com queda de 4,11% a R$ 6,30.