sexta, 29 de março de 2024
FGTS

Saque extraordinário do FGTS: como fazer o dinheiro render mais?

Segundo especialistas, sacar o valor vale a pena, mas é preciso entender a realidade financeira de cada trabalhador para que seja possível fazer o melhor uso do dinheiro

20 abril 2022 - 13h29Por Redação Spacemoney
 - Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta quarta-feira (20), tiveram início os novos saques extraordinários do FGTS. De acordo com a Caixa Econômica Federal, a medida atinge cerca de 42 milhões de trabalhadores, que têm direito a resgatar até R$ 1 mil de suas contas ativas ou inativas.

Para especialistas, sacar o valor vale a pena e, a partir daí, é preciso entender a realidade financeira de cada trabalhador para que seja possível fazer o melhor uso do dinheiro.

Para aqueles que estão no vermelho, a dica é usar o montante para quitar dívidas, priorizando aquelas com juros mais altos. Agora, se as contas estiverem em dia, é uma boa hora para aplicar o valor em investimentos mais rentáveis.

Contas pagas? Invista!

Ana Paula Netto, consultora financeira da Onze, explica que o  FGTS rende 3% ao ano, mais a TR (atualmente em 0,048% ao ano) e uma parcela do resultado do fundo, que varia conforme o ano.

“Levando em consideração as rentabilidades dos últimos anos e o fato de serem poucas as oportunidades para se resgatar o FGTS, a minha sugestão é sacar o dinheiro e investi-lo conforme os seus objetivos pessoais”, recomenda.

Se, por exemplo, você quiser utilizar esse valor para complementar a sua reserva de emergência, Ana Paula sugere aplicar em um CDB pós-fixado que pague pelo menos 100% do CDI e que tenha liquidez diária. Outra possibilidade é aplicar o valor no Tesouro Selic.

Outras opções

O head de Alocação da XP Investimentos, Rodrigo Sgavioli, ressalta que, em primeiro lugar, é importante avaliar se não vale usar esse dinheiro para quitar dívidas, pois elas custam caro e têm taxas muito altas.

Já para quem está no azul, sacar o FGTS é uma oportunidade para iniciar ou expandir investimentos.

“O FGTS te ‘força’ a poupar, mas com retornos muito menores que os investimentos mais conservadores. Então vale muito sacar e investir. Qualquer aplicação vinculada à Selic, 100% do CDI ou Fundo Trend DI Simples, já supera os 3% do rendimento do FGTS. Então eu recomendaria esse cenário para a construção de uma reserva de emergência alocada nesses ativos”, diz Sgavioli.

Agora, se a reserva de emergência já está formada, o especialista sugere ao investidor pensar no seu perfil e avaliar a possibilidade de retornos maiores, porém, com mais risco também.

Impacto na economia

Segundo Ana Paula Netto, consultora financeira da Onze, a liberação do FGTS, juntamente à medida de adiantamento do 13º para aposentados e pensionistas do INSS, são ações que fazem parte do Programa Renda e Oportunidade, lançado pelo governo em 17 de março.

As medidas têm como objetivo movimentar a economia e gerar poder de compra, principalmente, para os brasileiros de menor renda.

O saque é uma tentativa do Governo Federal de aquecer a economia em tempos de crise. Os beneficiários desse saque poderão pagar dívidas, investir ou consumir, fazendo, dessa forma, a roda da economia girar. A expectativa é que pelo menos R$ 30 bilhões entrem em circulação, pontua Ana Paula.

“De fato, a medida terá impacto na economia e isso é visto com bons olhos pelos economistas. Contudo, é um impacto pontual e restrito aos meses de saque, os benefícios trazidos por essa medida são de curto prazo. Para, de fato, vermos um impacto significativo e duradouro, se faz necessário um conjunto de medidas voltado para o médio e longo prazo”, alerta a consultora.

Quem pode e como sacar?

A Caixa Econômica Federal depositará o dinheiro na conta poupança digital, usada para o pagamento de benefícios sociais e previdenciários.

Os valores só podem ser movimentados por meio do aplicativo Caixa Tem, que permite o pagamento de contas domésticas e a realização de compras virtuais em estabelecimentos não conveniados. O Caixa Tem também permite o saque em caixas eletrônicos e a transferência para a conta de terceiros.

O trabalhador precisa ficar atento. A maioria dos cerca de 42 milhões de trabalhadores receberá o dinheiro automaticamente, na conta poupança social digital da Caixa. No entanto, em caso de dados incompletos que não permitam a abertura da conta digital, ele terá de pedir a liberação dos recursos.

Todo o processo para pedir o saque será informatizado. O trabalhador não precisará ir à agência da Caixa, bastando entrar no aplicativo oficial do FGTS, disponível para smartphones e tablets, e inserir os dados pedidos.

O aplicativo dá a opção para o trabalhador pedir o crédito em qualquer conta corrente ou poupança de qualquer banco. A possibilidade, no entanto, só vale para quem aceitar fornecer a foto de um documento oficial para cadastrar a biometria.

Pelo calendário divulgado em março, a liberação dos recursos segue cronograma baseado no mês de nascimento do trabalhador. O dinheiro será liberado em etapas até 15 de junho, quando recebem os nascidos em dezembro.

Retirada

Outro ponto a que o trabalhador precisa ficar atento é a retirada do dinheiro. Os recursos estarão disponíveis até 15 de dezembro e voltarão para a conta vinculada do FGTS depois dessa data, caso não sejam gastos, retirados ou transferidos para a conta corrente.

O dinheiro não movimentado será restituído ao FGTS com correção pelo rendimento do Fundo de Garantia, correspondente ao período em que ficou parado na conta poupança digital.