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Gaps na Bolsa de Valores: o que são, quais os tipos e por que surgem?

Termo em inglês, que, em tradução livre, significa "vão" ou "lacuna", é aplicado quando o início da próxima posição de preços de um papel está em um ponto diferente, seja acima ou abaixo, do anterior

18 outubro 2021 - 10h42Por Redação SpaceMoney

Já se deparou com um ativo que, após um pregão sem surpresas, iniciou os negócios já com uma queda ou alta acentuada da cotação no dia seguinte? Na B3, bolsa de valores brasileira, esse movimento de descontinuidade nos preços dos ativos é conhecido como “gap”.

O termo em inglês, que, em tradução livre, significa “vão” ou “lacuna”, é aplicado quando o início da próxima posição de preços de um papel está em um ponto diferente, seja acima ou abaixo, do anterior. 

Quanto maior a distância, mais evidente é o “pulo” percebido nos gráficos do tipo candlestick —  que consideram os preços de abertura, fechamento, máxima e mínima dos ativos.

Quase sempre os gaps são motivados por acontecimentos inesperados que levam os investidores a uma corrida para a compra ou venda das ações.

Um dos exemplos mais emblemáticos no Brasil foi o da Vale (VALE3) após a tragédia de Brumadinho, que vitimou 270 pessoas no município mineiro de mesmo nome.

O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão ocorreu em 25 de janeiro de 2019, um dia de feriado municipal em São Paulo e sem negociações na Bolsa.

No primeiro pregão após a tragédia, em 28 de janeiro, as ações já iniciaram as negociações em queda de cerca de 20% e o gap ficou evidente.

No caso da mineradora, o movimento já era esperado por grande parte do mercado, mas muitos outros gaps passam quase despercebidos e podem trazer oportunidades de lucro para os investidores mais atentos.

Por que surgem os gaps?

Assim como o exemplo da Vale, tragédias são uma poderosa força motriz por trás de gaps em ativos.

Além deles, notícias sobre resultados trimestrais, fusões, aquisições, escândalos de executivos, processos, decisões judiciais e mais podem iniciar o movimento.

Fatores não diretamente relacionados às empresas, como novas regulamentações, mudanças ou restrições em um setor e decisões governamentais, também influenciam a fenda no preço dos papéis.

Por fim, a baixa liquidez de ativos pouco conhecidos pelos investidores é outro elemento capaz de provocar grandes oscilações nos preços.

Quais são os tipos de gaps?

Agora que você já sabe porque eles surgem, também é importante entender que existem vários tipos diferentes de gaps. Conheça os mais comuns:

De baixa: ocorre quando a mínima do preço de fechamento do pregão anterior é muito maior ou menor do que o preço da sessão seguinte; 

De alta: a lógica é similar a da categoria anterior, mas, nesse caso, a distância é entre o máximo da posição anterior e o mínimo da próxima; 

De área ou comum: como o nome já indica, esse tipo de gap é um dos mais comuns. Com formação típica em regiões de “congestão” — ou seja, com oscilações menores que o normal na cotação — nos gráficos, pode indicar oscilações muito bruscas na próxima abertura; 

De fuga: ocorre frequentemente quando há rompimentos de suporte ou resistência de um ativo — a força vendedora supera a compradora ou vice-versa — e normalmente é seguido por um aumento nos volumes de negociação;

De continuação ou de medida: o tipo menos frequente entre os citados até agora é visto quando uma tendência nos preços de um ativo, seja de alta ou baixa, é confirmada e costuma se manter por um bom tempo. Como o anterior, também é seguido por altos volumes de negociação;

De exaustão: funciona da maneira oposta ao gap de continuação, pois sinaliza o fim de uma tendência. A “exaustão” do mercado vale tanto para tendências de alta quanto de baixa nos preços.

Cuidado com ciladas

Vale destacar que nem sempre identificar um gap é garantia de lucro, especialmente para investidores que trabalham com operações de curto prazo. Mesmo com a tendência no gráfico, a volatilidade da renda variável não permite a previsão, com exatidão, do preço das ações nos minutos seguintes.

Os gaps de área e de exaustão, por exemplo, tendem a se fechar — quando o preço volta ao ponto anterior — mais rapidamente.

Já os “pulos” do tipo fuga e de continuação podem permanecer abertos por mais tempo e indicar possíveis consolidações ou reversões de tendência. Nesse caso, abrem-se janelas de compra e venda dos ativos. 

Outra dica importante é não analisar os intervalos isoladamente, especialmente em momentos de “fortes emoções” do mercado. O mais indicado nessas ocasiões é manter a calma e evitar usar a totalidade de sua margem de garantia nas operações, evitando assim prejuízos maiores que seu patrimônio.

Para os day traders, vale ainda contar com o stop loss como uma garantia a mais nas operações. Essa é uma ordem de venda programada que é disparada automaticamente quando o valor do ativo negociado chega a um percentual de perda máxima determinado pelo investidor.

Tags: B3, Vale