terça, 16 de abril de 2024
Aversão ao risco

Mercado eleva projeções para Selic e inflação enquanto reduz estimativas para crescimento do país

Pessimismo de analistas está relacionado às sinalizações de desrespeito da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro ao teto de gastos

22 outubro 2021 - 12h28Por Redação SpaceMoney

Analistas do mercado financeiro já trabalham com a hipótese de que o Banco Central (BC) deve elevar a taxa Selic entre 1,25 e 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorre nos dias 26 e 27 deste mês, para compensar efeitos inflacionários do abandono da agenda de responsabilidade fiscal prometida pelo governo.

Além dessas projeções, expectativas para inflação, crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e dólar têm sido deterioradas por conta da aversão ao risco, sinalizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para implementar o Auxílio Brasil, de R$ 400, fora do teto de gastos, e por toda a movimentação que visa mudar as regras do teto com o andamento da PEC dos Precatórios.

Na última quinta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro também prometeu a caminhoneiros uma ajuda para a categoria: o Auxílio Diesel. O benefício, segundo o presidente, deve abranger cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos que receberão um valor provável de R$ 400.

Santander

Ontem (21), analistas do Santander publicaram relatório em que foram elevadas as projeções da taxa básica de juros e da inflação em 2021, com a redução da previsão de crescimento do país. 

No material, o banco citou a piora do cenário fiscal e a elevação dos preços das commodities.

Segundo o Santander, a previsão da taxa Selic foi elevada de 8,50% para 9,00%. As estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) passaram de 8,50% para 9,00% e as expectativas para o PIB foram reduzidas de 5,10% para 4,90%.

Já a projeção para o dólar foi revisada de R$5,25 para R$5,35 no fim deste ano.

UBS BB

Já o UBS BB Investment Bank prevê que o Copom deve impor uma aceleração de 1,5 ponto percentual na taxa Selic nas duas últimas reuniões deste ano.

Antes, o UBS BB projeta elevações de 1,0 ponto nas duas ocasiões.

Com isso, o juro fecha 2021 em 9,25%, ante os atuais 6,25% e projeção anterior de 8,25%.

O UBS BB também elevou o prognóstico para a inflação medida pelo IPCA em 2022, passando de 3,5% para 4% –ficando acima, portanto, da meta para o ano que vem (3,50%).

Credit Suisse

O Credit Suisse prevê dois aumentos consecutivos de 1,25 ponto percentual - na próxima semana e em dezembro - e altas de 1,0 ponto e de 0,75 ponto no começo de 2022.

Os acréscimos elevariam a Selic a 10,5%.

As expectativas do banco agora giram em torno de um dólar a R$ 5,50, para 2021 e 2022 - antes era R$ 5,20 -, e um IPCA que avança de 8,70% para 9,10% ao fim deste ano e que chegue a 5,5% em 2022 - antes 5,2%.

Por fim, o Credit Suisse revisou a projeção de crescimento do PIB de 5,3% para 5,0% em 2021 e de 1,1% para 0,6% em 2022.

Necton

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, o Banco Central já ter acrescido à taxa Selic 1,25 ponto percentual na última reunião. 

Entretanto, Perfeito acredita que a autoridade monetária não deve elevar a taxa em 1,5 ponto, mas, pelo menos, em 1,25 ponto.

Essa nova avaliação força uma revisão nas projeções da Necton Investimentos.

Com a mudança de 1,0 ponto para 1,25 ponto para a reunião de outubro (7,50%), e com a expectativa de que haja um acréscimo de 1,0 ponto na reunião de dezembro (8,5%), a Necton Investimentos mantém para 2022 a trajetória de 0,75 ponto e depois mais uma alta de 0,50, que deve fazer a Selic ficar em 9,75% já em março.

Foram elevadas também as projeções da Necton para o dólar, que deve terminar o ano em R$ 5,55 - antes era R$ 5,40 - e também para o IPCA, para 9,03% - de 8,84%.

Com informações de Reuters e Correio Braziliense.