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Juros

Juro baixo ou negativo deve favorecer o ouro, dizem consultores

18 julho 2019 - 15h09Por Angelo Pavini

A queda dos juros nos Estados Unidos e a continuidade de taxas negativas na Europa e Ásia, além de instabilidades econômicas entre Estados Unidos e China e políticas entre os americanos e o Irã, devem favorecer o preço do ouro este ano, avalia a consultoria Capital Economics. Segundo a estrategista Simona Gambarini, o ouro só não subiu mais nos últimos meses pela força do dólar, que tende a diminuir à medida que sinais de enfraquecimento da economia americana se tornem mais claros. O metal acumula alta de 11% no ano, ante 17% do Dow Jones. O ouro está sendo negociado no mercado futuro dos EUA para agosto a US$ 1.428,50 a onça-troy (31,104 gramas), os maiores preços em seis anos. No Brasil, o grama do metal está sendo negociado a R$ 176,84 para agosto.

Também o gestor americano de fundos hedge Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, publicou recentemente no Linkedin uma análise afirmando que vê oportunidades no metal. Segundo ele, a grande emissão de moeda pelos bancos centrais do mundo todo e um Fed que se aproxima de uma nova taxa de juros zero, acompanhando de taxas negativas na Europa, provocam uma “mudança de paradigma global”. Nesse novo cenário, o ouro poderia ajudar a reduzir o risco e aumentar o retorno de uma carteira de investimentos, servindo para diversificar portfólios.

Realização nas bolsas

Ao mesmo tempo em que ouro pode ter ganhos, o mercado acionário americano corre o risco de um movimento mais forte de vendas depois dos recordes seguidos, alerta a Capital Economics. A consultoria cita comentários recentes do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, e de vários funcionários do Banco Central Europeu (BCE) que sugerem que os bancos centrais estão preocupados com as perspectivas para a economia global.

Títulos com juros negativos

E os mercados de títulos estão enviando a mesma mensagem. O universo de títulos no mundo com rentabilidade negativa saltou para um novo recorde de US$ 12,5 trilhões, depois que o então presidente do BCE, Mario Draghi, insinuou que o banco poderia retomar seu programa de compra de ativos nos próximos meses.

Isso deu um impulso ao preço do ouro, uma vez que juro menor reduz o custo de oportunidade de manter um ativo que não tem remuneração fixa. Ao mesmo tempo, a consultoria cita a atuação dos próprios bancos centrais nesse mercado. Antes da crise financeira global de 2008, os bancos centrais eram vendedores líquidos de ouro. No entanto, desde 2009, eles se tornaram uma fonte considerável e estável de demanda de ouro. “Claro, isso pode ser para fins de diversificação”, diz a consultoria. Mas o aumento no volume de reservas de ouro dos bancos centrais coincidiu com um aumento no valor de títulos com rentabilidade negativa.
A consultoria espera que os rendimentos dos títulos em todo o mundo permaneçam baixos ou até caiam ainda mais no próximo ano. Por exemplo, o juro (yield) de 10 anos do Bund alemão cairá para -0,50% até o fim de 2019 e permanecerá negativo até 2020. Como resultado, a Capital Economics acha que o ouro pode continuar a subir este ano.

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