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Gerdau

Gerdau: alta no prêmio de importação e varejo forte devem marcar 2º semestre

06 agosto 2020 - 09h27Por Investing.com

Por Ana Julia Mezzadri- Investing.com - Após surpreender o mercado com resultados acima do esperado, a Gerdau (GGBR4), em teleconferência com imprensa e analistas na última quarta-feira (5), destacou o papel do varejo nos resultados do trimestre, cujas vendas bateram um recorde de 2015, e o potencial de aumento do prêmio de importação com a elevação de preços do aço neste mês.

Em relação à performance do trimestre, a empresa destacou o crescimento do Ebitda em comparação com os três meses anteriores, causado sobretudo pelos maiores volumes de venda no Brasil, sendo o principal fator a resiliência do setor de construção civil do país. “Foi uma importante contribuição para nossas vendas de aço para concreto armado. No segundo trimestre vendemos 10% a mais do que no segundo trimestre de 2019 e 27% a mais do que no primeiro trimestre deste ano”, pontuou Gustavo Werneck, CEO da companhia.

O setor de varejo também foi um grande responsável pelos números de vendas da empresa. De fato, as entregas da Gerdau nesse segmento, de acordo com Werneck, foram as maiores desde março de 2015. Estímulos governamentais impulsionaram a compra de materiais de construção para a realização de reformas. Além disso, a Gerdau detectou um fenômeno de aumento de reformas causado pelo isolamento social.

Para o próximo semestre, a Gerdau destaca que tem “confiança na retomada da demanda dos aços longos no Brasil, na retomada de canteiros de obras, na continuação das compras do varejo e na retomada de projetos de infraestrutura.”

Em relação à margem Ebitda do Brasil, que cresceu em relação ao trimestre anterior, Werneck aponta como principais fatores o mix de produtos, o aumento do preço da sucata, a exportação e o prêmio de importação. Em termos de exportação, cabe destacar o fato de a China ter se tornado um grande importador de aço, o que não ocorria desde 2009.

Sobre o prêmio de importação, que atualmente gira em torno de -20%, aumentos de preços entre 6% e 8% já adotados em agosto e outros previstos para setembro devem ajudar a elevar as margens: “Mesmo assim devemos chegar a um prêmio de importação próximo de zero. Tradicionalmente, flutua em torno de 10%”, explica.

Por volta das 16h46, as ações da Gerdau estava entre as principais altas do Ibovespa no dia. Os papéis da siderúrgica subiam 5,72% a R$ 18,48.

 Desalavancagem

Um dos principais focos do semestre, segundo a empresa, é diminuir a alavancagem. A companhia sofreu aumento de despesas financeiras, principalmente por causa da variação cambial, visto que sua dívida é denominada em dólar. Um dos pontos destacados foi o fato de a Gerdau não possuir covenants financeiros e MAC em seus contratos financeiros e linhas de crédito, o que permite ter tempo suficiente para ajustar as operações e manter o compromisso de manter a dívida alinhada com os resultados.

Para reduzir custos fixos, a empresa adotou medidas como a paralisação das usinas de Jackson, em Michigan, e de St. Paul, em Minnesota, nos EUA. Além disso, também nesse projeto, a Gerdau revisou seu plano de investimentos para uma abordagem mais conservadora, sobretudo pela volatilidade atual do mercado.

“Fizemos um plano bastante robusto de redução de despesas, custos fixos e variáveis.

Alguns custos e despesas não vão continuar ao longo do tempo, como redução de jornada, mas avançamos em identificar oportunidades para cortar despesas estruturais”, explica Werneck.

Conforme afirmado na conferência, a Gerdau mantém o plano anunciado no início do ano de até R$ 1,6 bilhão em Capex em 2020. O investimento de maior magnitude para o futuro próximo são os projetos de reforma e manutenção da usina de Ouro Branco.

EUA

Nos EUA, em relação a aços longos, os volumes tiveram queda no início do trimestre, mas foram recuperados pelo desempenho da indústria de construção. Segundo Werneck, o volume de pedidos nos EUA retornou ao nível pré-crise. A expectativa da companhia é que os setores de construção e infraestrutura se mantenham resilientes.

Gerdau Next

Outro ponto destacado pelo CEO foi a criação da Gerdau Next, o braço de novos negócios da companhia, que tem como objetivo “pegar negócios que estavam embrionados e dar nova vida e nova velocidade”. A estimativa da empresa é que, em 10 anos, a Next corresponda a 20% das receitas da Gerdau, ou R$ 10 bilhões.

Resultados

O lucro consolidado da Gerdau foi de 315 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 15% ante o período do ano anterior. O resultado financeiro ficou negativo em 330 milhões de reais entre abril e junho, contra despesas de 300 milhões um ano antes.

A companhia teve queda de 29% nos volumes de produção de aço, para 2,4 milhões de toneladas, por causa de paradas de produção em suas usinas, que, por sua vez, ocorreram em virtude da queda na demanda gerada pelas medidas de isolamento social.

As vendas de aço caíram 20%, para 2,36 milhões de toneladas, enquanto a receita líquida recuou 14%, para 8,7 bilhões de reais. O custo das vendas, por sua vez, também recuou, 10%, para 8 bilhões de reais.

No segundo trimestre, o desempenho operacional medido pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou 1,32 bilhão de reais, declínio de 16,2% na comparação ano a ano, com a margem Ebitda ajustada passando de 15,5% para 15,1%.

No Brasil, a venda de total de aço caiu 13% sobre o segundo trimestre de 2019, porém, avançou 5% na comparação com os três primeiros meses deste ano, puxado pelo segmento de longos, que cresceu 10% na mesma comparação diante de uma demanda da construção civil que se mostrou resistente à crise.

Com isso, enquanto o Ebitda das operações no país caiu 8% na comparação anual, subiu 23% frente ao primeiro trimestre, impulsionado por mais vendas e preços maiores.

A dívida líquida da Gerdau somava 14,4 bilhões de reais no final de junho, alta em relação ao final de março, quando estava em 14 bilhões. A medida de alavancagem dívida líquida/Ebitda aumentou de 2,55 para 2,78 vezes na mesma base de comparação, consequência, principalmente, da variação cambial, afirmou a empresa no balanço.

-Com participação da Reuters