Por Ale Boiani*
O brasileiro sempre consumiu produtos internacionais, mas ainda tem o hábito de investir apenas no próprio país e se mostra resistente quando o assunto é investimentos no exterior.
Com o mercado de investimentos cada vez mais em crescimento no Brasil, tem se tornado algo cada vez mais comum a recomendação da diversificação dos investimentos e moeda no exterior.
O ponto é: faz muito sentido investir em mercados que por aqui quase não temos acesso como, por exemplo, os setores de tecnologia, medicina, entretenimento e até bons produtos ESG e de mais outras diversas áreas.
Para ter acesso a uma carteira administrada de investimentos, com o acompanhamento de um profissional de investimentos no Brasil e o acompanhamento de um profissional no exterior, a maior parte das instituições pedem investimentos acima de US$ 1M.
Entretanto, uma informação que poucos sabem é que, dependendo da experiência e escopo de atuação do profissional vinculado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aqui no Brasil, é possível negociar acordos com companhias no exterior a partir de US$ 100 mil, o que abre portas para muitas pessoas que estão em um momento de investimento mais inicial.
O mercado internacional é de grande potencial. Todavia, ao fazer investimentos no exterior muitos cuidados devem ser tomados, dentre eles a checagem dos profissionais e das instituições envolvidas.
O ideal é que a empresa internacional tenha capital aberto, pois desta forma as informações são públicas, o que permite acompanhar por aqui a solidez e reputação da companhia. Também é uma opção que a empresa tenha operação oficial no Brasil.
Investir no exterior em uma companhia de capital fechado que não precise se preocupar com a imagem que deixa aqui no Brasil representa um risco importante. Isso porque caso você tenha problemas com a empresa, terá que recorrer judicialmente em outro país, outro idioma, outra legislação, e o acesso à informações a respeito da companhia será muito restrito.
Outro fator importante é que o profissional de investimentos brasileiro não pode atuar sozinho, o cliente tem que ser atendido em conjunto com um profissional regulamentado no exterior, e ambos devem respeitar o código de conduta a que estiverem vinculados, assim como o perfil de risco do cliente que estiverem atendendo.
O mercado americano é o maior mercado de investimentos do mundo, até por causa do volume de negociação em dólares que operam, que promove liquidez ao mercado, mas não necessariamente para investir no mercado americano a conta precisa ser nos Estados Unidos.
Quando uma pessoa investe nos Estados Unidos como pessoa física, ela pode ser tributada lá também, principalmente quando falamos de questões sucessórias.
Quando um investidor de qualquer nacionalidade tem investimentos superiores a US$ 60 mil nos Estados Unidos e este falece, a família precisa abrir um inventário no país e pagar o imposto sucessório de lá.
Essa taxa é o equivalente do nosso ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação). Aqui no Brasil ele varia por estado, entre 4% e 8% do patrimônio; nos Estados Unidos, é perto de 45%.
A solução para não perder 45% do patrimônio em impostos varia de acordo com perfil e valores a investir de cada cliente. O profissional aqui no Brasil pode assessorar o cliente neste sentido, sendo ajudado por meio de um advogado a abertura de uma empresa, seja investindo nos Estados Unidos via outras jurisdições ou seja contratando um seguro de vida para custear esse custo no momento da morte do investidor.
Outro ponto que devemos nos atentar é que investir no exterior e ter disponibilidade em dólares são coisas diferentes. Quando o cliente abre uma conta corrente que não possa ter investimentos que seja apenas disponibilidade de capital, ele se beneficia de não pagar impostos em vida, nem na variação cambial, pois o intuito desta conta é guardar dinheiro para gastar no exterior.
Já na conta investimentos, ele terá impostos sobre o ganho de capital considerando tanto a variação cambial quanto a valorização dos ativos em que investe.
Onde investir o dinheiro acaba sendo a decisão menos complexa a se tomar. Por isso, é importante que, ao iniciar investimentos fora do seu país, o investidor tenha um profissional de confiança te orientando quanto aos aspectos fiscais, tributários e sucessórios, te orientando, inclusive, como fazer suas declarações de investimentos a receita federal e ao BACEN (Banco Central).
*Ale Boiani é CEO, gestora e fundadora do grupo financeiro 360iGroup.
*Com informações de Ampoule Comunicação.