quinta, 28 de março de 2024
Mercado de criptomoeda

Correlação com outros ativos tende a aumentar com ganho de popularidade das criptomoedas

Emissão de moeda pelos bancos centrais, gerando inflação, ajudou a chamar atenção para as moedas digitais

24 agosto 2021 - 16h13Por Investing.com

Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com - As criptomoedas, que têm como uma das principais características apontadas por seus defensores a descorrelação com os mercados tradicionais, podem ter essa especificidade enfraquecida conforme ganham popularidade, segundo Reinaldo Rabelo, CEO da Mercado Bitcoin.

O mercado cripto cresceu muito durante o período de medidas de restrição para combate à Covid-19, surfando na onda de aceleração da esfera digital como um todo. Além disso, o fato de o Bitcoin ter se recuperado mais rapidamente do que outros ativos após o derretimento no início da pandemia fez com que mais investidores passassem a considerar a exposição às criptos.

Ainda, a emissão de moeda pelos bancos centrais, gerando inflação, também ajudou a chamar atenção para as moedas digitais. E essa popularidade tende a aumentar, na visão de especialistas.

Um possível aumento na correlação, porém, não significa que as moedas digitais estejam perto de perder esse traço distintivo: “Os movimentos do mercado de curto prazo contaminam o universo cripto por causa dos investimentos institucionais. Mas o que observamos foi que o mundo cripto se recuperou muito mais rápido do que os outros e voltou a operar de forma descorrelacionada”, disse Rabelo em debate promovido pelo Expert XP.

E é essa característica dos ativos digitais que definem seu papel de diversificação em uma carteira de investimentos, segundo Rabelo.

As diferenças entre as criptomoedas e os mercados tradicionais, porém, não param por aí. Segundo Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, durante o mesmo evento, outros traços que diferenciam os ativos digitais são o fato de não terem regulação, não terem leilões de abertura ou de fechamento e terem uma dinâmica muito mais alavancada.

São essas características, na visão de Sampaio, somadas ao fato de não ser possível mensurar com precisão o valor de uma blockchain, que fazem com que o mercado seja extremamente volátil. “Esse mercado reage muito fortemente a qualquer notícia, como quando Elon Musk falou do consumo de energia. Mas depois volta, porque o fundamento continua bom”, explica.

Entre os fatores que contribuem para a volatilidade do momento, Reinaldo Rabelo inclui ainda o seu tamanho, pequeno em comparação com os mercados tradicionais.

Outro tema que tem potencial de mudar as dinâmicas do mercado de criptomoedas é a regulação, vista com bons olhos por Marcelo Sampaio. “A regulação caminha para tornar esse mercado cada vez mais atrativo e cada vez mais desenvolvimentista. Já estamos nesse caminho, mas é longo”, diz.

Apesar de ser muito conhecida como reserva de valor ou forma de diversificar um portfólio, a função das criptomoedas pode ir muito além, segundo os dois especialistas. “Blockchain e criptomoedas são estruturas que resolvem problemas. E acho que as funcionalidades mais legais não foram nem inventadas ainda”, afirma Sampaio.

Os dois, porém, citam uma série de novos usos que vêm sendo desenvolvidos recentemente, como as aplicações nos mercados de arte e imóveis por meio de NFTs e no mundo dos jogos. “A cripto funciona como reserva de valor, mas é gigante o que está acontecendo agora. E no médio prazo vai mudar muito como o próprio mercado financeiro funciona”, relata Marcelo Sampaio.