sábado, 20 de abril de 2024
Agenda Econômica

Suspensão de greve dos servidores do BC, resultados de big techs e outros assuntos da semana

Veja o que você precisa saber para iniciar a semana de 25 de abril

25 abril 2022 - 08h16Por Investing.com

Por Noreen Burke e Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com -- Os investidores estarão atentos a uma torrente de resultados na próxima semana, como os anúncios das titãs de tecnologia Apple, Microsoft, Amazon e Alphabet, controladora do Google, Vale (SA:VALE3) e Santander (SA:SANB11), em meio a esperanças de que resultados corporativos sólidos irão impulsionar os mercados de ações dos EUA, abalados pela guinada agressiva do Federal Reserve.

Ao mesmo tempo, tanto os EUA como a zona do euro devem divulgar dados preliminares sobre o crescimento no primeiro trimestre, junto com o que serão leituras de inflação acompanhadas com grande interesse.

No Brasil, a suspensão da greve dos servidores do Banco Central deve fazer com que uma lista de indicadores atrasados sejam publicados.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Enxurrada de indicadores econômicos

Os servidores do Banco Central suspenderam a greve iniciada no começo do mês até o dia 02 de maio, fazendo com que esta semana seja movimentada pela divulgação de indicadores econômicos atrasados.

O Boletim Focus vai ser publicado na terça-feira, 26, às 08h30, com os números das edições anteriores de de 1º de abril, 8 de abril, 15 de abril e 22 de abril.

O IBC-Br, o resultado fiscal do setor público, o saldo em conta corrente e o relatório de crédito, todos referentes ao mês de fevereiro, também serão divulgados nesta semana.

Seguindo o calendário normal de indicadores econômicos, a última semana de abril conta com os números de confiança do consumidor e o balanço orçamentário de fevereiro.

Na quarta-feira, 27, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA-15) da primeira quinzena de abril deve ser divulgado, sendo que o mercado espera uma aceleração de 1,86% no período e de 12,16% no acumulado do ano.

O Índice de Evolução de Emprego do Caged de março também deve ser revelado na quinta-feira, 28, e a expectativa é por 150.920 novos empregos.

Sobre a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2022, o calendário ganha força nessa última semana de fevereiro, com Embraer (SA:EMBR3), Vale, Santander, Oi (SA:OIBR3) e Multiplan (SA:MULT3) entre as principais empresas que divulgam os seus resultados aos acionistas.

2. Resultados da Big Tech

Quase 180 companhias alistadas no S&P 500, número próximo à metade do valor do índice de referência, estão programadas para divulgar seus resultados na semana que vem, inclusive as quatro maiores empresas por valor de mercado: Apple (SA:AAPL34) (NASDAQ:AAPL), Microsoft (SA:MSFT34) (NASDAQ:MSFT), Amazon (SA:AMZO34) (NASDAQ:AMZN) e Alphabet, controladora do Google (SA:GOGL34) (NASDAQ:GOOGL).

Todas as quatro ações registram queda até agora no ano, com a Apple em perdas de cerca de 9%; a Amazon, 13%; a Alphabet, com recuo de 17%; e a Microsoft com valor 18% menor.

As expectativas dos ganhos no primeiro trimestre estão estagnadas, e o selloff das ações da Netflix (NASDAQ:NFLX) depois que a gigante do streaming divulgou queda no número de assinantes acirrou os temores sobre os próximos resultados do setor de tecnologia.

"As expectativas são baixas, mas isso não significa que não sejam importantes", James Ragan, diretor de pesquisa para gestão de patrimônio da D.A. Davidson, disse à Reuters. "Se vamos atingir esses 9% (de crescimento nos resultados) no ano ou ainda melhor do que isso, é difícil imaginar que vamos conseguir sem termos resultados melhores que o esperado das empresas megacap".

Entre os outros grandes nomes da semana estão Meta Platforms, dona do Facebook (SA:FBOK34) (NASDAQ:FB), as empresas de pagamentos Visa (SA:VISA34) (NYSE:V) e MasterCard (SA:MSCD34) (NYSE:MA), Chevron (SA:CHVX34)(NYSE:CVX) e Exxon Mobil (SA:EXXO34) (NYSE:XOM), gigantes do setor de petróleo, além da Coca-Cola (SA:COCA34) (NYSE:KO) e PepsiCo (SA:PEPB34) (NASDAQ:PEP).

3. Dados econômicos dos EUA

Além dos resultados, os dados sobre o crescimento da economia e a inflação dos EUA estarão no centro das atenções esta semana, num contexto de inquietações sobre a habilidade do Fed em realizar um pouso suave para a economia enquanto atua com agressividade para travar a escalada da inflação.

Os EUA deverão divulgar dados preliminares sobre o crescimento do primeiro trimestre na quinta-feira, com a expectativa de que o PIB apresente uma desaceleração drástica para 1,1% em comparação com o avanço de 6,9% no último trimestre de 2021, em meio aos efeitos da onda da variante ômicron do coronavírus no início do ano.

Os dados do PIB serão complementados no dia seguinte pelo índice de despesas pessoais do consumidor, considerado o indicador de inflação preferido do Fed.

O Presidente do Fed, Jerome Powell, disse na semana passada que um aumento de meio ponto na taxa de juros "estará na mesa" durante a reunião do banco central nos dias 3 e 4 de maio, acrescentando que os investidores que esperam uma série de aumentos de meio ponto estavam "reagindo de forma adequada, no geral" à luta emergente da Fed contra a inflação.

Os comentários pareceram confirmar uma trajetória da juros bem mais íngreme do que o projetado na última reunião do Fed, em março.

O calendário econômico também traz atualizações sobre pedidos de bens duráveis, confiança do consumidor do CB, vendas de novos imóveis residenciais, vendas pendentes de imóveis residenciais, pedidos iniciais de auxílio-desemprego, o PMI de Chicago e o sentimento do consumidor.

4. Volatilidade do mercado de ações

As três principais referências de Wall Street fecharam a semana em território negativo na sexta-feira, na terceira semana consecutiva de perdas tanto para a S&P 500 como para a Nasdaq, enquanto a Dow Jones Industrial Average registrou sua quarta queda semanal seguida.

A queda de 2,82% na Dow de sexta-feira foi o seu maior recuo em um dia desde outubro de 2020.

As oscilações exageradas nas negociações tornaram-se mais comuns recentemente, à medida que os investidores se ajustam aos novos dados vindos dos resultados num contexto de preocupações quanto aos riscos gerados pela elevação mais agressiva dos juros por parte do Fed.

O índice de volatilidade CBOE, também chamado de termômetro do medo de Wall Street, saltou na sexta-feira, fechando no seu nível mais elevado desde meados de março.

"Não é muito comum, nesse tempo que tenho fazendo este trabalho, que o mercado se movimente 2% em qualquer direção e achar que 'não há muito a se entender nisso' ", disse Craig Erlam, analista sênior de mercado da OANDA, à Reuters.

"Isso não é normal, mas é assim que as coisas têm sido já há muito tempo".

5. Dados da zona do euro

A zona do euro deve publicar dados sobre o PIB do primeiro trimestre na sexta-feira, 29, junto com dados preliminares sobre a inflação dos preços ao consumidor em abril, que deve vir a 7,4%, quase quatro vezes maior que a meta de 2% do Banco Central Europeu.

Na semana passada, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que o banco deverá encerrar seu regime de compras de títulos no início do terceiro trimestre e aumentar os juros antes do final do ano, a fim de combater o aumento da inflação.

Mas a guerra na Ucrânia deixa o tempo nublado para o BCE, com os altos preços de energia resultantes e as rupturas nas cadeias de fornecimento causadas pela pandemia, potencializadas pela guerra, que opera como uma trava ao crescimento.

Enquanto isso, os resultados na Europa começam a todo vapor na próxima semana e, apesar da expectativa de que as empresas tenham lidado com a inflação mais alta no primeiro trimestre, os investidores estarão bem concentrados nas suas perspectivas para o resto do ano.

Mais de 140 empresas devem anunciar resultados ao longo da semana, inclusive Unilever PLC (SA:ULEV34) (LON:ULVR), gigante de bens de consumo, Beiersdorf (ETR:BEIG), fabricante da marca Nivea, além de grandes bancos como UBS Group (SIX:UBSG), Deutsche Bank (ETR:DBKGn), HSBC (LON:HSBA) e Barclays (LON:BARC).

Kasper Elmgreen, chefe de mercado de capitais da Amundi, espera que os resultados do primeiro trimestre sejam "ok", mas está concentrado nas pressões dos preços e na incerteza resultantes da crise da Ucrânia.

"É super, super, super importante para nós compreender qual é a capacidade das empresas de repassar os aumentos de custos para os consumidores", Elmgreen disse à Reuters.