quinta, 25 de abril de 2024
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Setor de papel e celulose: vale a pena comprar Irani (RANI3), Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3)?

Inter Research revisitou modelos considerando o novo cenário, incluindo a guerra na Ucrânia e a valorização do real no curto prazo, e estabeleceu novos preços-alvo para as companhias do setor. Confira

13 março 2022 - 11h45Por Redação Spacemoney

Após grande volatilidade no setor, com preços de celulose avançando nos primeiros meses do ano, para então ceder fortemente em meio às pressões dos compradores, em especial na China, 2021 fechou com saldo positivo para as companhias que, no geral, reportaram resultados trimestrais fortes tanto em evolução de receitas quanto de margens. 

Assim, 2022 começou com continuidade dos anúncios de aumento de preços iniciados em novembro de 2021, bem como melhores perspectivas de consumos em todos os principais mercados, apesar da expectativa de desaceleração do PIB global. 

Em se falando de curto prazo, os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia impulsionaram os preços das commodities, beneficiando as companhias exportadoras, incluindo as do setor de Papel e Celulose

“O que temos visto é que o aumento das incertezas quanto ao fornecimento de diversos insumos na região do conflito (local de importantes produtores de commodities), bem como os impactos e destruição de infraestrutura por conta dos ataques, além dos efeitos das sanções tanto governamentais quanto corporativas à Rússia, têm aumentado ainda mais o movimento especulativo e o processo de estocagem destes produtos, fazendo com que os preços tivessem forte escalada desde o início do conflito”, avalia o Inter Research.

Por outro lado, a forte subida de preços de commodities energéticas, em especial o petróleo, coloca um ponto de atenção para os custos de produção e transporte.

O relatório ressalta que os impactos de maiores custos de commodities no balanço das companhias começaram a serem vistos com maior magnitude a partir do segundo semestre de 2021, ganhando ainda mais força no 4T21, trimestre no qual as companhias passaram a sentir mais dificuldade em repassar aumentos de preços devido às pressões inflacionárias. 

“Ainda no curto prazo, atentamos para a valorização do real ante o dólar, fator importante e de impacto direto nas receitas das companhias. Se antes estas foram beneficiadas por um real enfraquecido, já esperamos o efeito contrário, compensando parcialmente o avanço dos preços da celulose neste início de ano”. 

Longo prazo

No que tange o longo prazo, o Inter Research mantém uma visão otimista quanto aos fundamentos do setor. 

“Acreditamos que a demanda por embalagens deve seguir aquecida, em especial para o e-commerce que deve seguir como uma forte realidade. Além disso, o movimento de substituição do plástico por papel também deve continuar beneficiando a demanda no setor”. 

Por fim, o consumo de papéis para fins sanitários continua em pleno avanço, seguindo o movimento de urbanização de economias e regiões em desenvolvimento. 

“Com isso, a demanda por celulose de fibras virgens deve continuar robusta, uma vez que tanto papel tissue quanto embalagens para o setor de alimentos não aceitam o uso de reciclados. Ainda, a elevação da preocupação global quanto ao meio ambiente e maior cobrança quanto à sustentabilidade têm contribuído para a migração de fósseis para fibras em diversas esferas”.

Irani (RANI3)

O relatório considera que, apesar de iniciar o ano em patamar já elevado ante anos anteriores, a companhia deverá ter trimestres mais desafiadores a partir de agora, conforme sinais observados nos resultados do 4T21. 

A demanda um pouco mais arrefecida no mercado de caixas de P.O., bem como a dificuldade de repasse de preços em outros segmentos podem fazer com que as margens da companhia tenham leve piora ao longo do ano. 

Além disso, a alta recente dos insumos pode trazer ainda mais pressão, a depender da longevidade do cenário estressado neste momento. 

“Mesmo assim, esperamos ainda fortes resultados para a companhia, espelhando o ainda bom momento para as commodities e os fundamentos ainda sólidos do setor”. 

Por isso, o Inter chega a um preço-alvo YE22 de R$ 9/ação (ante R$ 10/ação anteriormente) e mantém a recomendação de Compra para o papel, em virtude do alto upside ainda para o preço corrente.

Klabin (KLBN11)

Após um ano de entregas sólidas e acima das expectativas, a Klabin inicia 2022 bem estruturada e pronta para navegar em diferentes marés, beneficiada pela sua diversificação geográfica, bem como portfólio heterogêneo de produtos, avalia o Inter Research.

O relatório projeta que as receitas da companhia tenham um avanço de 20% em 2022, comparado ao montante reportado em 2021, resultado de maiores volumes vendidos, tanto por demanda mais favorável quanto por maior disponibilidade de produtos com uma nova máquina, além de preços médios anuais mais elevados, beneficiados pelos aumentos de preços implementados desde o 1T22. 

Como esperamos pressão maior de custos, tanto pela conjuntura atual de preços mais elevados de insumos, como pelo maior impacto de custos de madeiras (maior representatividade de terceiros) neste primeiro momento do Puma II, devemos ver margens estáveis a/a, mesmo com o importante crescimento esperado no top line”, pondera o documento.

Assim, ajustando pelas entregas em 2021 e incorporando as premissas para 2022, o Inter chega a um preço-alvo YE22 para KLBN11 de R$ 36/ação (contra R$ 38/ação, anteriormente) e mantém a recomendação de Compra para o papel.

Suzano (SUZB3)

Definitivamente a posição de líder global para celulose de fibra curta deverá impulsionar o bom desempenho esperado pelo Inter para a companhia, especialmente em virtude da atual conjuntura para os preços de commodities. 

O cenário mais benéfico de repasses de preços nos mercados internacionais, em razão da retomada da demanda, em especial na China, após fechamento de capacidade devido à crise energética na região, mas também na Europa, com a volta da mobilidade, beneficiou e deve seguir favorecendo a companhia para os resultados do 1S22. 

No longo prazo, a expectativa é de que os fundamentos sólidos de demanda dêem ímpeto ao novo ciclo de investimentos e crescimento da companhia, por meio do Projeto Cerrado. 

“Assim, apesar de vermos preços mais elevados para todo o ano de 2022, vemos o efeito consolidado nas receitas minimizados e, com isso, esperamos que o faturamento da companhia avance 2,4% ante o observado em 2021”. 

“Assim, alteramos nosso preço-alvo para SUZB3 YE22 para R$ 73/ação (ante R$ 75/ ação, previamente) e mantemos nossa recomendação de Compra para o papel.