sexta, 29 de março de 2024
Ouro

Ouro tem maior alta em 3 semanas depois de Powell acabar com esperanças de tapering

O dólar e os rendimentos do Tesouro dos EUA afundaram, enquanto ativos de risco, de ações a commodities, incluindo o petróleo, dispararam

27 agosto 2021 - 16h37Por Investing.com

Por Barani Krishnan, da Investing.com - O ouro atingiu seus níveis mais altos em 3 semanas na sexta-feira (27), alcançando seu maior ganho semanal desde maio, depois de o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, não ter informado um cronograma claro para a redução dos estímulos nos EUA durante o aguardado simpósio de política monetária do banco central em Jackson Hole, Wyoming .

O dólar e os rendimentos do Tesouro dos EUA afundaram, enquanto ativos de risco, de ações a commodities, incluindo o petróleo, dispararam. Considerado como um porto seguro, o ouro também acompanhou a movimentação de alta, dada a sua sensibilidade à inflação, que normalmente impulsiona os preços do metal.

"Powell não deu uma ideia clara de quando o tapering vai acabar, deixando os mercados adivinhando, e os touros de riscos estão usando isso a seu favor", disse Phillip Strep, estrategista de metais preciosos da Blueline Futures, em Chicago.

Os contrato futuros do ouro para um mês negociados na Comex de Nova York fecharam em alta de US$ 24,30, ou 1,4%, a US$ 1.819,50 por onça, depois de uma máxima em 3 semanas de US$ 1.821,55. Na semana, houve um aumentou em torno de 2%, o maior desde meados de maio.

Streible disse que o ouro pode enfrentar alguma resistência a partir de agora. "Os US$ 1.820 estão na média móvel de 200 dias", afirmou. "O próximo alvo será de US$ 1.835 a US$ 1.840 dólares."

O rali do ouro de sexta-feira acontece depois de Powell afirmar que a economia dos EUA estava em boas condições, mas ainda vulnerável a riscos causados pela pandemia do coronavírus.

O presidente do Fed usou o seu discurso de abertura no Simpósio Jackson Hole para dizer que, embora recentemente sua opinião fosse que o tapering poderia começar até o final do ano, a maior propagação da pandemia em função da variante delta moderou sua postura.

"O meu ponto de vista é que o teste de ‘progresso adicional substancial’ foi atingido para a inflação. Também houve claro progresso em direção ao máximo emprego", disse ele, referindo-se aos mandatos gêmeos do Fed.

Mas Powell também defendeu a posição do banco central quanto ao tapering, dizendo que a entidade "avaliará cuidadosamente os dados recebidos e os riscos em evolução".

"Mesmo após o fim das nossas compras de ativos, nossas posições elevadas em títulos de prazo mais longo continuarão a dar suportar a condições financeiras acomodatícias", acrescentou.

O Fed compra pelo menos US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões em títulos hipotecários de agências todos os meses desde março de 2020, a fim de isolar a economia dos EUA dos efeitos das medidas da pandemia do coronavírus. O banco central também manteve as taxas de juros norte-americanas a níveis baixos recordes, entre zero e 0,25%.

O programa de estímulo do Fed está sendo responsabilizado por agravar a pressão sobre os preços nos Estados Unidos, onde o crescimento econômico para o segundo trimestre de 2021 foi estimado em 6,6% na quinta-feira - acima do recuo de 3,5% registado para todo o ano de 2020. O próprio banco central projetou o crescimento econômico em 6,5% para todo o ano de 2021.

O indicador preferido do Fed para a inflação - o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), que exclui os preços voláteis de alimentos e energia - subiu 3,6% no ano até julho, seu valor mais elevado desde 1991. O índice PCE incluindo energia e alimentos aumentou 4,2% no ano.

A meta do próprio Fed para a inflação é de 2% ao ano.

À parte das compras de ativos do Fed, o governo Biden aprovou US$ 1,2 trilh]ao de dólares em despesas relacionadas com a Covid-19 desde a posse do presidente em janeiro. Os congressistas democratas alinhados com Biden levaram adiante esta semana um plano de gastos adicionais de US$ 3,5 trilhões, para fazer avançar sua agenda econômica.

A questão de quando o Fed deve reduzir seu estímulo e aumentar as taxas de juro tem sido amplamente debatida nos últimos meses, já que a recuperação econômica entrou em conflito com o recrudescimento da variante delta do coronavírus.

Na quinta-feira, três chefes regionais do Fed - Robert Kaplan, de Dallas, James Bullard, de St Louis e Esther George, de Kansas City - insistiram em uma redução mais imediata, dizendo ser improvável que a economia dos EUA fosse prejudicada pela variante delta como foi pela variante original do coronavírus um ano atrás.

Na sexta-feira, o presidente do Federal  Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, se uniu a essa posição, afirmando que o Fed deveria reduzir a compra de ativos "o quanto antes". Ao contrário dos seus três colegas, Harker também é membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), formulador da política monetária do Fed. Isso torna seus comentários mais influentes.

No entanto, nem todos os membros do Fed são a favor de uma redução rápida. Raphael Bostic, que lidera a divisão de Atlanta do Fed e também é membro votante do FOMC, disse na sexta-feira que a variante delta pode ter um impacto profundo no crescimento e precisa ser monitorada atentamente antes de qualquer retirada de apoio monetário.