terça, 23 de abril de 2024
Negociação de reajustes

Inflação supera 47,7% dos acordos salariais, diz Dieese

Departamento analisou dados inseridos no Mediador, do Ministério do Trabalho e Previdência, até a primeira semana de janeiro deste ano

20 janeiro 2022 - 09h24Por Redação SpaceMoney
 - Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

47,7% das negociações salariais do setor privado ficaram abaixo da inflação medida pelo INPC do IBGE, que fechou 2021 com alta de 10,16%. 

15,8% dos reajustes negociados no Brasil resultaram em ganhos reais aos salários e 36,6% das negociações empataram.

Os dados são do Dieese, que analisou os dados inseridos no Mediador, do Ministério do Trabalho e Previdência, até a primeira semana de janeiro deste ano.

Parcelamento de reajustes

Característica marcante das negociações salariais no ano passado, com tendência crescente desde março, foram os reajustes pagos em duas ou mais parcelas.

Com participação de pouco mais de 2%, nos dois primeiros meses do ano passado, o número de reajustes parcelados teve aumento de 11,30% na data-base março, e atingiu 15,8% em outubro.

Em novembro, alcançou 26,1% dos resultados negociados, patamar que praticamente se mantém nos (poucos) acordos e convenções já disponíveis para a data-base de dezembro.

Entre 2018 e 2020, os percentuais de reajustes parcelados não ultrapassaram 3,0%.

Por setor

No recorte setorial, 21,5% dos resultados da indústria, 15,4% do comércio e 11,5% dos serviços resultaram em ganhos reais aos salários. 

Reajustes iguais à inflação foram observados em 43,4% das negociações da indústria, 52,9% das negociações do comércio e 28,1% das negociações nos serviços.

Dessa forma, resultados abaixo da inflação representaram em torno de um terço das negociações nos dois primeiros setores, e atingiram a marca de 60,4% nos serviços.

Por região

Entre as regiões, o melhor desempenho foi o do Sul do país, como apontado em levantamentos anteriores.

Cerca de ¾ das negociações nos estados dessa região resultaram em reajustes iguais ou acima da inflação (27,5% do total estipularam reajustes superiores ao INPC).

O Sudeste apresenta, até o momento, o segundo melhor resultado de 2021, com reajus-tes iguais ou acima do INPC em proporção próxima a 50% do total.

Nas demais regiões, o percentual de resultados abaixo do INPC variou em torno de 65%; os reajustes iguais à inflação ficaram entre 18,6% e 28,9%; e aqueles acima do índice inflacionário, representaram cerca de 10%.

Por tipo de instrumento

Em relação ao tipo de instrumento coletivo, as diferenças são sutis.

Proporcionalmente, os ganhos reais foram mais frequentes nos acordos coletivos do que nas convenções coletivas (16,2% e 14,7%, respectivamente); e reajustes iguais ao INPC, mais constantes nas convenções do que nos acordos coletivos (40,1% e 35,1%, respectivamente).

Em relação aos reajustes insuficientes para recomposição do poder de compra dos salários, esses tiveram destaque maior entre os acordos do que entre as convenções (48,7% e 45,2%, respectivamente).