sexta, 19 de abril de 2024
Balanço

Volume recorde: indústria de fundos atrai R$ 206 bi no primeiro semestre, aponta Anbima

Montante reverte quadro de resgate de R$ 16,2 bilhões e representa uma alta de mais de 1.700% em relação ao mesmo período em 2020

07 julho 2021 - 13h15Por Redação SpaceMoney

O setor de fundos atraiu R$ 206 bilhões no primeiro semestre deste ano. Esse montante reverte o quadro de resgate de R$ 16,2 bilhões, representa uma alta de mais de 1.700% em relação ao mesmo período de 2020 e se trata de um volume recorde - nos primeiros seis meses de 2019, R$ 166,4 bilhões foram registrados. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Diversificação como tendência

Segundo a associação, em maio de 2020, 44% das contas eram de fundos de renda fixa. Entretanto, em maio deste ano, houve uma retratação desta categoria para 35%. Enquanto isso, fundos imobiliários e de multimercados passaram a somar, juntos, 36% - 19% e 17%, respectivamente. No ano passado, ambos somavam 25% - 13% e 12%, respectivamente.

Para Pedro Rudge, diretor da Anbima, o aumento da diversificação por parte dos investidores se trata de uma tendência que deve permanecer mesmo com o ciclo de alta da taxa básica de juros Selic.

"Em termos de classes, é um pouco mais difícil de ter uma bola de cristal para saber para onde vai o fluxo. Existe uma expectativa do Banco Central eventualmente fazer novos ajustes na taxa Selic até o final do ano, mas nada muito gritante e que possa modificar essa tendência que eu mencionei de diversificação", diz o executivo.

Rudge estima que os fundos multimercados e de ações devem continuar na trajetória de crescimento, porque as expectativas para o acréscimo na taxa de juros ainda estão a patamares históricos baixos. O diretor afirma, por fim, que a renda fixa tende a perder um pouco mais de participação relativa.

Patrimônio líquido

Em junho de 2020, o patrimônio líquido da indústria era de R$ 5,5 trilhões e a captação era de R$ 11,3 bilhões. À época, eram 20.582 fundos existentes, 22.954.965 contas e 679 gestores.

O patrimônio líquido da indústria de fundos, segundo dados da Anbima, foi de R$ 6,6 trilhões em junho de 2021 - um crescimento de 19,5% em comparação com o mesmo mês de 2020.

Já ao fim de junho de 2021, foi reportado que o número de fundos existentes atingiu o patamar de 24.169, um crescimento de 17,4% no mesmo intervalo.

O número de contas chegou a 28.295.661, um acréscimo de 23,3%. O número de gestores chegou a 755, alta de 11,2%.

Fundos de investimento no exterior

Os fundos de investimento no exterior apresentaram um crescimento de patrimônio líquido de 38,4% em junho de 2021, no valor de R$ 799,7 bilhões em junho deste ano ante R$ 577,7 bilhões em junho do ano passado.

Os fundos multimercados com investimentos no exterior reportaram um patrimônio líquido de R$ 630,9 bilhões ante R$ 496,1 bilhões um ano antes. A captação, segundo a Anbima, foi de R$ 54 bilhões nos fundos multimercados com investimento no exterior ante R$ 27 bilhões um ano antes.

Já os fundos de ações com investimento no exterior tinham um patrimônio líquido de R$ 162,8 bilhões ante R$ 79,3 bilhões no ano passado. A captação foi de R$ 17,9 bilhões neste ano, ante R$ 4 bilhões no ano passado.

Os fundos de renda fixa com investimento no exterior também cresceram. Passaram a um patrimônio líquido de R$ 5,9 bilhões ante o valor de R$ 2,3 bilhões no mesmo período do ano passado. A captação foi de R$ 1,8 bilhão em junho de 2021 contra R$ 1 bilhão em junho de 2020.

Reforma Tributária

Pedro Rudge afirmou que a associação vê “pontos sensíveis” no texto apresentado pelo governo ao Congresso Nacional e que a Anbima trabalha todas as questões para abrir um diálogo tanto com o legislativo, quanto com o executivo.

Um dos riscos, segundo o executivo, se trata de um risco de bitributação. “Os fundos passariam a ser retidos nos pagamentos de dividendos e o cotista ainda seria tributado no resgate, o que poderia caracterizar uma tributação dupla”, afirmou Rudge.

Rudge afirmou que a Anbima vê como “positiva” a colocação de uma alíquota única de 15% para fundos de investimentos de renda fixa e de renda variável. “Tudo o que for pra simplificar, nos parece adequado”, disse.