quinta, 18 de abril de 2024
Indicador FGV

Incerteza da economia tem 2ª queda consecutiva, mas nova variante da covid pode ameaçar tendência

Apesar da segunda queda consecutiva, o resultado do IIE-Br no mês devolve apenas 32% da alta de quase 15 pontos registrada em setembro, e reflete uma certa acomodação da incerteza em patamar elevado

30 novembro 2021 - 11h34Por Redação Spacemoney

O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) da Fundação Getulio Vargas cedeu 2,0 pontos em novembro, chegando a 129,3 pontos. Com a segunda queda seguida, o indicador segue se ajustando após a forte alta de setembro, mas ainda está 14,2 pontos acima do nível de fevereiro de 2020 (115,1 pts), último mês antes da chegada da pandemia de covid-19 ao país.

"Apesar da segunda queda consecutiva, o resultado do IIE-Br no mês devolve apenas 32% da alta de quase 15 pontos registrada em setembro, e reflete uma certa acomodação da incerteza em patamar elevado. A lenta queda do indicador é reflexo da continuidade da melhora dos indicadores da covid-19 no Brasil associada a fatores negativos no campo econômico, como a inflação e juros elevados e a desaceleração do crescimento doméstico e internacional. O resultado do mês não inclui os efeitos da disseminação da variante Ômicron do coronavírus no país, algo que pode ameaçar a atual tendência de queda da incerteza nos próximos meses", afirma Anna Carolina Gouveia, Economista do FGV IBRE.

Os dois componentes do Indicador de Incerteza caminharam em sentidos opostos em novembro. O componente de Mídia caiu 5,8 pontos, para 122,6 pontos, uma contribuição negativa de 5,1 pontos para o índice agregado. Já o componente de Expectativas, que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, subiu pela quarta vez consecutiva, agora em 14,2 pontos, para 144,0 pontos, maior nível desde março de 2021 (149,4 pts.). Este componente contribui positivamente em 3,1 pontos para a evolução na margem do IIE-Br.

"Com o forte aumento do componente de expectativas em novembro, o IIE-BR-Expectativa acumula alta de mais de 30 pontos desde agosto de 2021. Definir cenários para as variáveis macroeconômicas um ano à frente tem sido um desafio grande em função da recente escalada inflacionária, que tem levado à perspectiva de maior aperto monetário e enfraquecimento da atividade econômica nos cenários para 2022. Dentre as variáveis usadas na construção deste componente, a alta mais expressiva foi na dispersão das previsões dos juros Selic, sinalizando que a percepção sobre ciclo de alta dos juros, para conter a inflação, tem se tornando muito heterogênea."