sexta, 19 de abril de 2024
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Brasil cria 324 mil vagas de emprego formal em novembro; XP vê resiliência no mercado de trabalho

Rodolfo Margato, economista da XP, acredita que o ritmo de expansão deve se manter e renova a projeção de que 950 mil novos postos devem ser criados em 2022

23 dezembro 2021 - 11h18Por Redação SpaceMoney
 - Crédito: Divulgação

O Brasil gerou 324.112 empregos com carteira assinada em novembro deste ano, informou o Ministério do Trabalho e da Previdência nesta quinta-feira (23). Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O resultado foi muito superior à projeção da XP (210 mil) e ao consenso de mercado (223 mil).

Descontadas as influências sazonais, a XP estima, em relatório assinado pelo economista Rodolfo Margato, que o saldo de vagas avançou de 199 mil em outubro para 300 mil em novembro. Consequentemente, a média móvel de três meses ficou praticamente estável em 240 mil empregos no período.

No acumulado do ano (janeiro a novembro), o mercado de trabalho brasileiro apresentou adição líquida de 2,993 milhões de vagas.

Embora a série de dados do “Novo Caged” não seja diretamente comparável à série histórica anterior (metodologias e fontes de informação distintas), a XP afirma os resultados vistos em 2021 corroboram com a avaliação de resiliência do mercado de trabalho formal brasileiro em meio à pandemia, como reflexo dos estímulos monetários e fiscais massivos adotados no último ano.

Morgato destaca a implementação do programa governamental BEm (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, que permite suspensão temporária ou redução de contratos empregatícios), que tem sido efetivo em limitar as demissões.  

Contratações e desligamentos

As contratações recuaram suavemente entre outubro e novembro (-0,2%, de 1,809 para 1,806 milhão), segundo estimativas dessazonalizadas da XP, a terceira variação negativa seguida na margem.

Enquanto isso, o total de desligamentos declinou de forma acentuada (e inesperada) no mesmo período (-6,4%, de 1,610 para 1,507 milhão), a primeira retração após quatro aumentos consecutivos na base mensal. “Não vemos isso como uma reversão de tendência, isto é, as demissões não devem permanecer em trajetória consistente de queda nos próximos meses”, pontua Morgato.

Serviços

Em relação à abertura setorial, o setor de Serviços foi o destaque positivo ao gerar 172 mil vagas em novembro, após 145 mil em outubro (e 960 mil desde maio, também segundo nossos cálculos que descontam os efeitos sazonais), como reflexo da reabertura econômica e aumento da interação social.

Os saldos nos subsetores de “Serviços de Informação, Comunicação, Profissionais e Financeiros” (+95 mil) e “Serviços de Alojamento e Alimentação” (+30 mil) permanecem em rota de recuperação firme para o economista.

As atividades do comércio (+42 mil) também exibiram números robustos de geração de empregos, já descontados os efeitos da sazonalidade positiva observada no final do ano.

Mercado de trabalho formal deve continuar em expansão

Para a XP, o mercado de trabalho formal no Brasil deve continuar em expansão nos próximos meses, embora a criação líquida de ocupações deva perder velocidade.

Esse cenário incorpora, segundo o economista: 

(I) redução gradual do número de contratos sob cobertura do BEm;

(II) desaceleração das contratações nos setores de comércio e serviços, em linha com o cenário de enfraquecimento da demanda doméstica (os demais setores já mostram sinais de arrefecimento).

Por fim, a XP projeta que o PIB total vai ficar estável (0%) em 2022, após crescimento ao redor de 4,5% em 2021, e a criação líquida de 2,83 milhões de empregos formais em 2021 (com destaque para a sazonalidade negativa dos dados do Caged em dezembro).

Para 2022, a XP espera a adição de 950 mil ocupações com carteira assinada.