quarta, 24 de abril de 2024
Agenda Econômica

AGO da Petrobras (PETR4), dados dos EUA, ajustes do BCE: o que movimenta a semana de 11 de abril

Fique por dentro dos cinco principais assuntos que movimentarão os mercados em todo o mundo ao longo dos próximos dias

11 abril 2022 - 08h08Por Investing.com

Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com -- Esta será uma semana ocupada para os mercados, embora curta, com a publicação dos dados de inflação dos EUA e a temporada de balanços do primeiro trimestre se iniciando em Wall Street. A inflação pode alcançar novos patamares recordes de décadas, enquanto se espera que o lucro do setor bancário tenha diminuído no primeiro trimestre de 2022.

O Banco Central Europeu (BCE) irá se reunir em um momento em que enfrenta inflação recorde na zona do euro e incertezas econômicas decorrentes da guerra na Ucrânia. As reuniões dos bancos centrais do Canadá e da Nova Zelândia esta semana também irão destacar o esforço mundial para conter a inflação.

A novela para o novo presidente da Petrobras deve se encerrar na próxima quarta-feira (13) com a Assembleia Geral da estatal. Dados de atividades lideram a semana dos indicadores no país, embora possível "apagão" de dados no Banco Central devido à greve dos servidores preocupe o mercado.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Inflação e dados econômicos nos EUA

A inflação dos preços ao consumidor (IPC) anual de 7,9% em fevereiro representou o maior nível anual em 40 anos. E os dados de março não devem dar trégua, com a expectativa de que o IPC tenha avançado 8,5% na taxa anualizada, na medida em que a guerra na Ucrânia causou uma disparada nos preços das commodities. Os números serão divulgados na quarta-feira (13).

Um forte índice de inflação fortaleceria o argumento em defesa de aumentos de juros mais agressivos pelo Federal Reserve, provavelmente ampliando as preocupações dos investidores de que uma política monetária mais rigorosa poderia funcionar como um peso para a economia.

O Fed elevou as taxas em 0,25 ponto percentual em março, e a ata da última reunião, divulgada na última quarta-feira (7), indicou que aumentos mais substanciais dos juros e reduções da folha de balanço estão nos planos dos próximos meses, à medida que os dirigentes tentam impedir que a alta da inflação crie raízes.

Além dos números da inflação, os EUA irão divulgar dados sobre a inflação de preços ao produtor na quarta-feira. Os últimos dados sobre os pedidos iniciais por seguro-desemprego deverão ser divulgados na quinta-feira, juntamente com os dados sobre as vendas de varejo e sobre o sentimento do consumidor.

Os números da produção industrial e do índice Empire State de manufatura serão anunciados no feriado de Sexta-Feira Santa.

Diversos dirigentes do Fed também farão aparição ao longo da semana. Os governadores do Fed Michelle Bowman e Christopher Waller, além dos presidentes do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, e de Chicago, Charles Evans, irão se manifestar na segunda-feira.

A governadora do Fed, Lael Brainard, e o presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, farão aparições em eventos na terça-feira, enquanto a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, irão falar na quinta-feira.

2. Fim da novela Petrobras? Dados de atividade em destaque no Brasil

O Ibovespa teve a primeira queda semanal em um mês na semana encerrada na última sexta-feira.

Após atingir o pico de anual de 121.628 pontos, o principal índice acionário brasileiro caiu 2,67% a 118.322 pontos semana passada, período marcado por uma aversão ao risco com perspectiva de tom mais "hawkish" do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil para combater a alta da inflação.

Apesar de ser um dos maiores pesos do índice, as ações da Petrobras foram na direção oposta e fecharam o período com alta acumulada, mesmo com a novela sobre o novo presidente da estatal e a queda do preço do petróleo para o patamar de US$ 100.

O receio do mercado era que a nova indicação após a desistência de Adriano Pires e Rodolfo Landim para os cargos de, respectivamente, de CEO e presidente do Conselho fosse de um perfil contrário à atual política de preços, que é constantemente criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

As ações preferenciais (SA:PETR4) encerraram o período com alta acumulada de 5,28% a R$ 37,09, enquanto as ordinárias (SA:PETR3) acumularam avanço de 3,64% a R$ 34,21.

No entanto, a nomeação de José Mauro Ferreira Soares para presidente da petroleira, que é alinhado à visão dos investidores para a empresa, acalmou as preocupações iniciais. Seu nome deve ser aprovado na assembleia de acionistas da Petrobras, quer será realizado na quarta-feira (13).

No calendário econômico, destaque para a divulgação dos índices ligados à atividade econômica quarta-feira (13).

A expectativa é que as vendas no varejo tenham retraído mensalmente 1% e avanço anual de 0,1% em fevereiro, após registrar, respectivamente, baixa de 1,9% e alta de 0,8%.

Enquanto espera-se que o crescimento do setor de serviços tenha sido mensalmente em 0,8% e anualmente de 8,4% no segundo mês do ano, reagindo à queda mensal de 0,1% e desacelerando ao avanço anual de 9,5% em janeiro. Os dois indicadores são divulgados pelo IBGE.

A divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) está agendada para quinta-feira. Com a greve dos servidores da autoridade monetária, não se sabe se o calendário será seguido, pois na última semana foram suspensas as divulgações dos números das Transações Correntes, Investimento Direto Estrangeiro, Contas Fiscais e Relatório de Crédito, além dos semanais Boletim Focus e Fluxo Cambial Estrangeiro.

3. Resultados dos grandes bancos dos EUA

Os grandes bancos dos EUA vão iniciar a temporada de resultados do primeiro trimestre esta semana em Wall Street, e os analistas esperam que o lucro do setor financeiro recuem em relação a um ano atrás. As receitas dos bancos de investimento sentiram o impacto da invasão russa da Ucrânia, enquanto alguns bancos estão fazendo provisões para perdas relacionadas à Rússia.

O JPMorgan (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), o maior banco dos EUA, faz seu anúncio na quarta-feira, enquanto os resultados de Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34), Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34), Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) e Wells Fargo (NYSE:WFC) (SA:WFCO34) vêm na sequência na quinta-feira.

As ações do setor banco tiveram um desempenho péssimo até agora este ano, perdendo 11% em comparação com a queda de 6% do S&P 500.

Os executivos de bancos devem ser pressionados por suas opiniões sobre se a economia dos EUA pode continuar a crescer no contexto das repercussões econômicas da guerra na Ucrânia e de um Federal Reserve mais agressivo.

4. Reunião de política monetária do BCE

O BCE deverá realizar a sua próxima reunião de política monetária na quinta-feira e, embora a inflação na zona do euro esteja a um nível recorde de 7,5%, alimentada em grande parte pela aceleração dos custos de energia, seus dirigentes estão relutantes em apertar a política monetária em meio à incerteza quanto aos impactos da guerra na Ucrânia sobre a economia do bloco.

Mas, com a inflação ainda sem dar sinais de cansaço, os apelos por aumento de juros vindos dos membros mais hawkish do Conselho de Governadores do BCE podem ficar mais difíceis de se ignorar.

Os observadores do mercado esperam cada vez mais que o BCE suba os juros este ano.

Em março, o banco central anunciou uma redução no seu programa de estímulo via compra de títulos que levará ao término do programa em setembro. Ao mesmo tempo, a entidade disse que um aumento das taxas de juros poderiam ocorrer "algum tempo" após o fim das compras de títulos.

5. Luta contra a inflação em outros BCs

Os bancos centrais do Canadá e da Nova Zelândia têm reunião marcada para a quarta-feira, com a expectativa dos observadores do mercado de que os dirigentes de ambos realizem seus maiores aumentos de juros em 20 anos, em meio a uma inflação em disparada em todo o mundo.

Segundo os dados compilados pela Reuters, os mercados estão precificando uma possibilidade de mais de 90% de um aumento de juros de meio ponto percentual pelo Banco da Reserva da Nova Zelândia, e uma probabilidade superior a 80% do Banco do Canadá fazer o mesmo.

Com a expectativa de inflação canadense acima da meta até 2024, outro aumento de meio ponto percentual pode ocorrer em junho. A Nova Zelândia elevou seus juros em 0,25 pontos percentuais em fevereiro -- seu terceiro aumento -- e sinalizou a possibilidade de maiores altas à frente.

Com informações de Reuters.