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Investimentos alternativos

Arthur Farache

Advogado e CEO da Hurst Capital.

Renda fixa volta às origens e abre espaço para os ativos alternativos

Os ativos alternativos vão de hedge funds a vinhos raros, passando por obras de arte, carros antigos, royalties, ativos judiciais, imóveis.

18 agosto 2020 - 15h08
Renda fixa volta às origens e abre espaço para os ativos alternativos

Os sucessivos cortes de juros que fizeram a taxa Selic chegar a 2% ao ano afetam nada mais nada menos que dois terços do total dos investimentos no Brasil hoje, quando levamos em consideração os fundos de renda fixa e poupança. A baixa rentabilidade nominal faz a real (descontada a inflação) se tornar até mesmo negativa. Assim, deixar parado o dinheiro em investimentos desse tipo significa não só não correr riscos, mas, muitas vezes, deixar o dinheiro perder valor ao longo do tempo.

Tradicionalmente, quando a população pensa onde colocar suas economias, a primeira opção acaba sendo a poupança ou títulos do governo. Por detrás dessa postura está a busca pelo controle do risco. Além disso, num cenário não muito distante, os juros básicos no Brasil ficavam na casa dos dois dígitos e estavam entre os maiores do mundo. Assim, não era preciso fazer muito esforço e tampouco correr risco para obter uma boa rentabilidade e garantir as economias.

Agora, vendo sua rentabilidade escorrer por água abaixo, o investidor que antes aplicava 100% de seu patrimônio em renda fixa, agora começa a adotar estratégias de diversificação em sua carteira — muitos incluíram mais de 60% do seu portfólio em ações. O risco passa a fazer parte com a volatilidade dos papéis, que é imprevisível e depende de vários fatores. Além disso, há o desconhecimento dos novatos desse mercado: mais de 90% das pessoas que tentam viver de day trade acabam em prejuízos.

Ativos alternativos

Envolvido com as preocupações desses dois comportamentos, o investidor muitas vezes se esquece de que o cenário atual é propício às descobertas de novas classes de investimentos que se situam entre a renda fixa e o mercado acionário. São os chamados ativos alternativos. Nessa classe, enquadram-se desde os chamados hedge funds a até vinhos raros, obras de arte ou carros antigos, passando por royalties, ativos judiciais ou imóveis.

Os investimentos alternativos são particularmente úteis durante mercados voláteis. Isso acontece porque, diferentemente dos investimentos tradicionais, são isolados do ciclo comercial e dos altos e baixos do mercado. Além disso, aproveitam a volatilidade de maneiras específicas. Consistem, então, em estratégias que podem ajudar a complementar os tradicionais investimentos em ações e títulos, pois tiram vantagem de técnicas como hedge, concentração de ativos e alavancagem de maneiras que aumentam a diversificação enquanto abordam objetivos específicos.

Diversificação

Embora todos apresentem riscos e custos (incluindo, muitas vezes, altos investimentos mínimos) e possam ser menos líquidos que os investimentos tradicionais, tais ativos são cada vez mais vistos como uma adição valiosa a um portfólio verdadeiramente diversificado, com o potencial de ajudar a melhorar os retornos e a renda. Os títulos públicos judiciais, por exemplo, possuem o mesmo risco dos títulos tradicionais do governo; mas podem render até sete vezes mais que a renda fixa, tudo isso sem a volatilidade do mercado e o sobe e desce da Bolsa. Geralmente, é dessa forma que os grandes investidores, os milionários mesmo, diversificam suas carteiras.

Assim, apostando em uma carteira diversificada que reúna essas três classes de ativos (renda fixa, ações e alternativos), é possível de fato aproveitar os benefícios de cada uma das aplicações e compensar o lado ruim. É a verdadeira estratégia inteligente para diversificar investimentos. A renda fixa não acabou, mas agora cumpre seu papel verdadeiro de reserva emergencial. Buscar rentabilidade significa correr riscos, e há inúmeras possibilidades além da bolsa — basta buscar.

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