sexta, 19 de abril de 2024
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Arthur Farache

Advogado e CEO da Hurst Capital.

Ativos reais como oportunidade em meio à alta do IPCA e às crises política e econômica

Investimentos atrelados aos índices de inflação e à Selic podem ser boa escolha

06 dezembro 2021 - 12h14
Ativos reais como oportunidade em meio à alta do IPCA e às crises política e econômica

Nos últimos meses a inflação só fez subir e a expectativa é que ela feche o ano na casa dos 10%, bem acima da meta estipulada de 3,75% com tolerância de variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Como não podia deixar de ser, um dos reflexos dessa aceleração dos preços é o aumento da taxa básica de juros (Selic), que foi definida em 7,75% ao ano, em 27 de outubro, e deve subir ainda mais em 8 de dezembro.
 
Como inflação alta impacta na rentabilidade dos investimentos, é preciso escolher o produto certo para não cair em armadilhas. Vale lembrar que o impacto pode ser positivo ou negativo. E ninguém quer colocar dinheiro em um produto que ao longo do tempo entrega uma rentabilidade menor do que a inflação, certo? Afinal, isso seria perder poder de compra.
 
Normalmente, os produtos de renda fixa são beneficiados com a alta do IPCA, que é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, divulgado pelo IBGE. Há outro índice, o IGP-M, muito usado em contratos imobiliários e que também sobe e desce, assim como o IPCA, mas não de forma sincronizada.
 
Então, caso opte por um investimento em renda fixa, atualmente o ideal é que ele esteja indexado a um desses índices. Por exemplo, o Tesouro IPCA+, que é um título público, oferece como retorno o percentual inflacionário do período em que o dinheiro ficou aplicado, mais uma taxa prefixada. Dessa forma, além de repor a inflação, o investidor consegue obter um pequeno ganho real.
 
Há ativos que são atrelados à Selic somente, mas não ao IPCA. O problema é que a taxa básica de juros costuma estar um pouco abaixo do índice inflacionário, como é o caso atual. Ou seja, prefira o produto atrelado à inflação.
 
Ainda falando de investimentos de renda fixa, pode-se investir com segurança em títulos privados, como CDBs, e letras de crédito, como LCI e LCA, cujos rendimentos são calculados com base no IPCA. 

Investir em fundos imobiliários ou diretamente em imóveis para locação também é aconselhável em tempos de aumento constante de preços. Isso porque eles são atrelados ao IGP-M, índice calculado pela Fundação Getulio Vargas e que incluiu outros três indicadores.

No ano passado, por exemplo, ele aumentou muito acima do IPCA. Quem investiu em produtos atrelados a esse índice não teve do que reclamar. Para efeito de comparação, no dia 28 de outubro o IGP-M acumulava alta de 21,73% em 12 meses, praticamente o dobro do IPCA.

Mão na calculadora 

Ativos reais também podem ser boas opções de investimento, pois seus cálculos de rentabilidade estão correlacionados à Selic, mais as variações de preços do mercado. Por exemplo, uma operação com Cédula de Crédito Bancário de uma Incorporação Imobiliária Residencial, cuja rentabilidade prevista é de 20%.

O próprio imóvel, normalmente construído em bairros valorizados ou em processo de valorização, é usado como garantia e os valores de venda corrigidos pelo INCC (Índice Nacional da Construção Civil). Dificilmente uma operação como essa pode dar errado. 

Bem, escolher um investimento que tenha a correção da inflação é importante, mas é apenas uma parte da análise antes que o contrato com o agente financeiro seja fechado. Geralmente, as instituições apresentam ao investidor a rentabilidade bruta que o produto financeiro oferece.

Mas essa rentabilidade bruta não é a que vai para o bolso quando o saque é efetuado. É preciso calcular a rentabilidade líquida subtraindo o que foi pago de taxas e impostos e, a partir daí, calcular o ganho real descontando a inflação do período.

Para quem é novato parece trabalhoso e confuso, mas é uma questão de costume. E é essencial fazer essas contas, pois muitas vezes a rentabilidade some por causa de altas taxas cobradas por determinadas corretoras. Aí não adianta nada a aplicação oferecer correção sobre a inflação se o próprio agente toma o seu rendimento. Por isso, nunca feche com o primeiro, sempre faça uma pesquisa antes. A inflação é ruim, mas quem investe direito tira proveito dela.

Só não pode ter preguiça ou vergonha de usar a calculadora.

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