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Arthur Farache

Advogado e CEO da Hurst Capital.

Antiguidade rivaliza com inovação na rentabilidade dos investimentos em moedas

A formação de marketplaces virtuais, que reúnem compradores e vendedores de moedas raras num ambiente digital, vem ocorrendo por todo o mundo

14 setembro 2020 - 14h08
Antiguidade rivaliza com inovação na rentabilidade dos investimentos em moedas

Se há uma coisa que permanece intacta, desde os primórdios da sociedade, é o fascínio do homem por moedas. As grandes histórias do passado, antes mesmo das narrativas bíblicas, já mostravam que o ser humano é capaz de fazer muito esforço quando existe a possibilidade de colocar as mãos em um punhado delas. 

Seja de ouro, prata, bronze, ou de qualquer outro metal — e, mais recentemente, até digital —, parece não haver desafio grande o suficiente que o faça desistir de investir muito nesse tipo de ativo.

Além das preocupações diárias com as oscilações do dólar, essa relação absorve tanto as maiores inovações quanto as mais antigas raridades. Se, por um lado, o Bitcoin se aproxima de superar a marca histórica de R$ 70 mil, as moedas antigas e raras são a terceira categoria de ativos colecionáveis mais procurada por colecionadores do mundo todo  — exclusivamente como modalidade de investimento —, ficando atrás somente de carros clássicos e metais preciosos.  

Como amostra disso, uma pesquisa da GoldSilverPros afirma que nos Estados Unidos já existem mais de 5 mil empresas especializadas no mercado de moedas raras, e dez delas têm faturamento anual de mais de US$ 100 milhões.

Criptomoeda brasileira?

Durante o mês de agosto, em plena pandemia, a moeda virtual mais famosa do mundo obteve um dos melhores desempenhos no ano, com 70% de valorização. Por isso, cresceu o entusiasmo entre aqueles que acreditam que a cotação deve superar a marca dos R$ 70 mil, possivelmente ainda neste ano. Há ainda quem fale que ela chegará em R$ 100 mil em 2021.

As notícias favoráveis a esse tipo de moeda foram abundantes no período. Só para citar algumas delas, a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) lançou um Código de Autorregulação. A entidade reúne as empresas responsáveis por cerca de 80% do volume de transações com ativos digitais no Brasil. Segundo a associação, a expectativa é de que esse mercado movimente mais de R$ 100 bilhões ao longo de 2020 no mercado brasileiro.

Além disso, o próprio Banco Central anunciou a formação de um grupo de trabalho para discutir os impactos da emissão de uma moeda digital oficial do país. Em comunicado, o órgão alegou que pretende investigar os alcances de uma CBDC (central bank digital currency), assim como seus benefícios para a sociedade, considerando as especificidades e os desafios do contexto nacional. 

A iniciativa avaliará, também, como uma moeda eletrônica pode trazer benefícios complementares aos que estão sendo introduzidos com a implantação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos, que começa a funcionar em novembro.

Blockchain e marketplaces

O fascínio do homem por moedas ganhou, na tecnologia, um verdadeiro aliado. Isso se mostra óbvio quando observado pelo ponto de vista das criptomoedas, que exigem o uso de blockchain, mineração e muitas ferramentas emergentes; mas também é verdade no que se refere ao setor de moedas raras.

Buscar rendimento por meio desse tipo de ativo, até recentemente, era um passatempo disponível apenas para os muito ricos. Esse era o único público capaz de conhecer os canais de distribuição, as ofertas, as informações referentes aos produtos ofertados e, a partir desse conjunto de informações e acessos, fazer negócios.

Mas, como em praticamente todas as áreas da economia, a tecnologia também vem democratizando a possibilidade de investimentos em moedas raras. A formação de marketplaces virtuais, que reúnem compradores e vendedores de moedas raras num ambiente digital, vem ocorrendo por todo o mundo. 

Assim, da mesma forma como se pode comprar qualquer produto em portais de e-commerce, também é possível encontrar uma pechincha relacionada a uma moeda com centenas de anos de existência, que estampe o rosto de algum rei famoso da antiguidade.

Só para ilustrar esse cenário, o caso de maior sucesso desse tipo de marketplace na América Latina começou a ser constituído há dois anos e é lucrativo desde o quinto mês de vida. A empresa apresentou um crescimento médio de 20% ao mês da sua base de usuários, e 10% ao mês em receita.

Sendo assim, a tecnologia fornece a certeza de que o fascínio e os investimentos do homem em moedas permanecerão em ritmo tão acelerado quanto sempre foram, seja em antiguidades ou em inovações.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.

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